Entrevista com Teotónio Lima - 2ª parte
 
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Entrevista com Teotónio Lima - 2ª parte

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altDe entre todos os que, em diferentes épocas, foram construindo a Educação Física e o Desporto nacionais, o Professor Teotónio Lima ocupa, inequivocamente, um lugar de grande destaque sendo o seu percurso profissional marcado por propósitos claros de dignificação do Desporto, do Basquetebol e da função de Treinador.

Olímpio Coelho


Quais são as principais qualidades e virtudes que um treinador que trabalhe com jovens deve ter?
Em primeiro lugar deve conhecer muito bem o basket, deve saber muito de basket. Depois, deve ter muita paciência. Deve compreender os jovens, já que estes não são iguais aos adultos. Não se pode ensinar nem treinar um jovem da mesma forma como se ensina ou se treina um adulto.
 

Alem disto, tem de se ter muita sensibilidade porque os jovens são muito entusiastas quando gostam das coisas e quando vêm na pessoa que ensina uma pessoa interessada em que eles aprendam. E esse interesse tem de ser claro!

O que poderia aconselhar a um jovem treinador em Portugal, tendo em conta a sua enorme experiência enquanto treinador e pensador do jogo?
O treinador tem de ser honesto e sério para com os jogadores. Tem de falar verdade e estimular o interesse do jogador, principalmente dos jogadores jovens. É necessário compreender as dificuldades destes para depois os conseguir estimular. O facto de um jogador ter dificuldades não significa que ele não seja capaz. Ele é capaz e vai ser capaz mas é necessário ter persistência e paciência ao ensinar o jogo.

Qual destas fases do jogo deve ser mais valorizada: o ataque ou a defesa?
Sempre fui um treinador que, em primeiro lugar, dava mais valor à defesa porque a defesa é o argumento que tens para controlar e neutralizar o adversário. Não é com o ataque que controlas. Em competição, em primeiro lugar, eu quero controlar o adversário e quero que o adversário faça aquilo que eu consinto e o meu processo de intervenção é através da defesa. Nesse aspecto, para mim, a defesa é mais importante.

Em toda a sua carreira, qual foi o(s) jogador(es) que mais o impressionou? Porquê?
Há dois tipos de jogadores que me impressionaram: Um dos quais nunca treinei, aqueles que tinham qualidades inatas para ser bons jogadores e que faziam as coisas naturalmente por sua iniciativa. 

Os outros que treinaram comigo, e que eram aplicados naquilo que eu lhes exigia, conseguiram evoluir seguindo aquilo que lhes pedia, posso dizer que eram tipos persistentes.
 

Posso destacar o Joaquim Carlos, que alem de ter boas características inatas, era capaz de ouvir os ensinamentos que lhe dava e conseguia progredir, passando a fazer coisas que anteriormente não conseguia fazer.

Fui eu que ensinei os jogadores Portugueses a lançar em suspensão e a lançar com uma só mão. Antigamente, mesmo os bons jogadores ou lançavam de gancho a fugir do cesto ou parados e com duas mãos.

Posso também destacar o José Alberto como um dos melhores que treinei.

O que pensa do actual estado do basquetebol Português?
Penso muito mal. Penso que o basket Português não está bem. Porquê? Não existe formação de jovens equilibrada num processo global. O minibasket é visto como um jogo de seniores praticado por crianças, e o mini não tem nada a ver com isto. O basquetebol infantil não está orientado como devia, isto é, o jogo nos escalões mais jovens é diferente, é um jogo dos miúdos e não lhes deve ser ensinado como se estes fossem juniores ou seniores. Os mais novos precisam de aprender a jogar 1x1, 2x2 e 3x3 e depois precisam de saber outra coisa: A bola é o centro do jogo, mas não podem ir todos para cima da bola. Cada um tem o seu espaço para jogar e isso tem que se ensinar aí. Os fundamentos do jogo não se ensinam nesta altura, pelo que depois dificilmente teremos bons jogadores juniores e seniores.

Não existe uma filosofia para desenvolver o basket em Portugal pelo que temos cada vez menos jogadores de idades mais baixas.

 

Comentários 

 
0 #2 David Ferreira 04-08-2011 14:45
Foi meu treinador nos iniciados doSLBenfica , e foi com ele que aprendi tudo aquilo que fala na entrevista!Um mestre e um senhor com S grande.Um abraço
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+1 #1 anibal tavares 19-03-2011 18:08
hoje num time out do serviço de urgência, encontrei estas deliciosas entrevistas com o Grande Professor e Treinador. Para mim profissional de outros saberes é espantoso ver como o Sr Professor ( desculpem -me os mais novos mas era assim que o tratava nos cursos que com ele frequentei) emana as mesmas preocupações de há vinte e trinta anos. Fazendo o paralelismo com a minha profissão em que agora estou no topo da carreira foram os bons fundamentos de ensino que tive que possibilitaram o resto. Desses fundamentos os que tirei das aulas do Mestre Teotónio nos Cursos de Basquetebol muitos deles têm sido uteis na minha Carreira de Médico Especialista e Consultor em Saúde Pública. A propósito um clube que se dedica á formação que até tem tido algum sucesso - O Vasco da Gama - tem como documento estratégico de formação documentos ténicos do Professor Tetónio. Há quem não se esqueça dos seus ensinamentos e os tenha aproveitado quer na vida quer no desporto por onde passou..
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