Depois da apresentação de ontem, é chegada a hora da entrevista a um dos melhores jogadores de sempre do nosso basquetebol. Veja o que José Alberto tem a dizer aos leitores do Planeta Basket.
Porque escolheu praticar basquetebol?
Não foi uma questão de escolha, foi quase uma “obrigação” dado que morava numa rua onde existia um clube desportivo onde se praticavam várias modalidades, entre elas o Basquetebol e como fomos para lá, aliás como todos os miúdos do bairro com 5/6 anos, a partir daí o bichinho ficou para toda a vida.
Com que idade começou a jogar e qual foi o seu primeiro clube?
Comecei a jogar oficialmente com 9 anos (1947/48) num torneio de infantis organizado pelo Ateneu Comercial de Lisboa, representando o G.D. dos Tabacos, o meu primeiro clube.
Em que clubes jogou ao longo da sua carreira enquanto atleta?
Oficialmente joguei em dois clubes, G.D.Tabacos 11 anos e no S.L.Benfica 18 anos (1958 a 1975).
Em que posição actuava (base, extremo ou poste)? Quais eram os seus dotes ou as suas principais características dentro do campo?
No G.D.Tabacos, joguei sempre como “Poste”. Como para a época era considerado um miúdo comprido, quiseram que jogasse perto do cesto.
Ainda no S.L.Benfica nos ¾ anos seguintes, continuei a jogar naquela posição, sendo que ao longo dos anos, fui passando para extremo, acabando nos últimos 6/7 anos como base.
Em relação aos meus dotes ou características, não me é fácil dar opinião mas não quero deixar de referir que me considerava tecnicamente muito bom executante e que não gostava de perder de maneira alguma, razão porque por vezes era considerado muito impetuoso e agressivo (no bom sentido claro), particularmente no aspecto defensivo.
Quem eram as suas referências tanto a nível nacional como internacional quando iniciou a prática da modalidade?
Referencias propriamente ditas a nível nacional não tive nenhuma que me marcasse no entanto não quero deixar de referir dois jogadores que faziam alguma diferença, estou a lembrar-me do Bernardo Leite do S.L. Benfica excelente lançador e que ainda tive o prazer de jogar 1 ano com ele e do base do Atlético C. Portugal, Avelino do Carmo, que para a época era extraordinário.
A nível internacional pouca informação havia no nosso país, só mais tarde quando em competições europeias nos apercebemos que fracos que nós éramos.
Quais foram os treinadores com quem trabalhou ao longo da sua carreira?
Em relação aos treinadores com quem tive o prazer de trabalhar, foram no G.D. Tabacos o Rui Lopes, antigo praticante do Lisboa Ginásio Clube, meu primeiro treinador a sério, homem com alguns conhecimentos e com uma paciência fora do normal.
Quando saí do G.D. Tabacos fui para o S.L. Benfica em 1958 aí sim tive um senhor treinador, o Professor José Teotónio Lima, mais conhecido pelo “Prof”, pois graças a ele consegui ser alguém no basquete nacional, pois a sua preocupação e exigência para que fizesse da melhor forma todos os movimentos de passe, lançamento e deslocação ofensiva e defensiva, levando-nos quase á exaustão.
Relembro ainda hoje treinos de técnica individual, que só ele com a sua maneira de estar e ser, me levava sozinho para o ginásio do Inst. Superior Técnico para executar vezes sem conta todos os movimentos na máxima perfeição.
Fiquei eternamente grato ao “Prof”.
Mais tarde e ainda no meu clube, passaram o Professor Mário Lemos e o Professor João Coutinho ambos falecidos mas também excelentes treinadores.
Se pudesse eleger um deles como aquele que mais o marcou, quem seria? Porquê?
Pelo exposto nos parágrafos anteriores não é difícil tal escolha…Professor Teotónio Lima
Quantas vezes chegou a vestir a camisola da selecção nacional?
Essa Camisola tive o privilégio de a vestir e com muito orgulho sensivelmente umas 15 a 20 vezes.
Qual foi o jogo mais marcante e qual o título mais importante da sua carreira enquanto jogador?
Tive vários jogos que me marcaram, quer em vitorias como em derrotas um dos mais marcantes, foi um jogo contra o S.C.P. no antigo pavilhão dos desportos, não sei o resultado mas sei que ganhamos por poucos pontos, tendo eu na minha conta pessoal apontado 38 pontos nesse jogo.
Mas o mais curioso disto eu que tinha pensado que tinha feito um jogo do outro mundo, quando abandonava o campo ao lado do “Prof” ele olhou para mim, deu-me uma palmada no ombro e com o maior desplante me disse hoje não jogaste mal.
Estas palavras na ocasião imaginem como terão soado, mas felizmente compreendi que tinham sido ditas como um estímulo para que ainda pudesse fazer melhor que posteriormente foi o que aconteceu.
Qual foi o pior momento da sua carreira?
Todos desde que perdesse, mas o momento que mais me marcou foi quando em 09/02/1975 pus um ponto final na minha carreira como profissional na modalidade que desde sempre me motivou e entusiasmou.
Quais são as principais diferenças entre os tempos em que jogou e o basquetebol actual?
Quanto a isso não existe comparação possível.
Qual era o jogador mais difícil de enfrentar nesses tempos?
Tive de facto de enfrentar, quer a nível nacional e internacional alguns bons jogadores, destaco grandes adversários e amigos como por exemplo Mário Mexia da A.A.Coimbra, Mário Albuquerque S.C.R.M., Hermínio Barreto S.C.P. entre outros. A nível internacional tive adversários muito difíceis, no Real Madrid e Barcelona, alguns considerados na época como dos melhores da Europa.
O Planeta Basket desafia-o a escolher o melhor cinco de todos os tempos do basquetebol Português, respeitando os posições.
Não me é fácil responder a essa questão.
Como treinador, quais foram as equipas que orientou? E quais foram os melhores jogadores com que teve o prazer de trabalhar?
Orientei o S.L.Benfica, F.C.Barreirense, Estrelas da Avenida e C.A.Queluz. Quanto aos jogadores com quem tive o prazer de trabalhar não destaco ningúem em especial pois todos foram jogadores formidáveis e que me deram bastante satisfação e prazer orientar.
Como viu o último grande sucesso da Selecção Nacional de Portugal no Eurobasket de 2007 em Espanha?
Tive o privilégio de acompanhar os jogos da fase final do Eurobasket em Sevilha e Madrid. Senti de facto uma grade satisfação e gozo não só pelo trabalho e resultado daquela campanha, pois ninguém estava á espera que aquilo acontecesse particularmente a imprensa espanhola que nos consideravam os bombos da festa.
O que faz hoje em dia José Alberto? Como é o quotidiano de um dos melhores jogadores de sempre do basquetebol Português?
O que faço hoje?Oficialmente estou reformado da industria seguradora, onde trabalhei durante 45 anos.Hoje sou Sócio-Gerente de uma empresa Corretora de Seguros, onde continuo a exercer a minha profissão.
Por fim, que mensagem gostaria de deixar aos fans de basquetebol que diariamente visitam o PlanetaBasket?
Para os que visitam o nosso ”Planeta” devem cada vez mais continuar a faze-lo e a darem a maior divulgação possível, pois considero um meio fantástico para a divulgação e crescimento da nossa modalidade.