O draft é um dos momentos altos de cada época na NBA. Depois de terminadas as finais da competição e enquanto os vencedores ainda festejam, já todas as outras equipas se preparam afincadamente para a época seguinte.
Na preparação da nova época, o draft assume um papel fundamental, já que uma possível escolha numa posição alta poderá significar um passo em frente nas aspirações de qualquer equipa rumo ao ansiado objectivo: a luta pelo título da prova.
A importância do draft na história da NBA é inegável, daí que Roland Beech, tenha decidido fazer um estudo para o site 82games.com, onde tenta descobrir quais são as equipas que têm mais olho para descobrir as futuras estrelas.
Roland Beech reuniu com base no site www.Basketball-Reference.com, as estatísticas dos jogadores escolhidos nos últimos 20 anos no draft (1989-2008). O autor assumiu em seguida uma classificação simplificada onde soma as médias de carreira de pontos por jogo, ressaltos por jogo e assistências por jogo:
Índice = pontos/jogo + ressaltos/jogo + assistências/jogo
Este é obviamente um índice falível, pois o valor de um jogador não se define exclusivamente pelas estatísticas, contudo é uma forma aproximada de medir o valor de cada jogador.
Com base no valor obtido, cada jogador seria categorizado da seguinte forma:
Star (Estrela) -- > 20
Jogador sólido (Solid) -- 15 a 19.9
Jogador que entra na rotação da equipa (Role Player) -- 10 a 14.9
Fundo do banco (Deep Bench) -- 5 a 9.9
Fiasco completo (Complete Bust) -- < 5
DNP -- nunca jogou na NBA
É preciso não esquecer que esta estatística tem em linha de conta médias de carreira, cujos valores podem ser inferiores aos atingidos pela maioria dos jogadores no auge das suas carreiras. Outro viés poderá existir para os jogadores mais jovens e ainda em evolução, cujas médias de carreira deverão ainda subir à medida que a sua experiência na liga for também crescendo.
Todavia, estas médias de carreira não relacionam a performance de escolha de cada uma das equipas ao longo de cada época. Para o conseguir, tem de se fazer uma comparação entre os índices de cada jogador com as médias de todos os jogadores escolhidos na mesma posição. Assim, por exemplo, compara-se um jogador escolhido na posição #1 com as médias de todos os jogadores escolhidos na posição #1, sendo que esta relação nos dá o índice de sucesso dessa escolha relativamente às outras escolhas nessa posição. E assim sucessivamente para todas as escolhas…
Há ainda a considerar que os jogadores escolhidos e trocados no dia do draft, não contam para as equipas que os escolheram, mas sim para as equipas que os obtiveram na troca. Assim, Kobe Bryant, escolhido pelos Hornets entra nas contas dos LA Lakers, enquanto Dirk Nowitzki, que foi escolhido pelos Bucks, conta para os Mavericks.
Surpresa das surpresas e a conclusão a que se chega é que a melhor equipa a escolher no draft nos últimos 20 anos é … Milwakee! Se virmos com atenção, até vai fazer sentido: Os Bucks escolheram seis estrelas (Índice > 20): Glenn Robinson (29, #1 em 1994), Ray Allen (29, #5 em 1996), Michael Redd (27, #43 em 2000), Vin Baker (24, #8 em 1993), Andrew Bogut (23, #1 em 2005) e T.J. Ford (22, #8 em 2003). Isto sem contar com Dirk Nowitzki, que foi trocado no dia do draft por … Robert “Tractor” Taylor. No entanto, a valorização dos Bucks vem também das segundas escolhas como Sessions, Alston, Phills, Snow, Flip Murray ou Bogans, cujos números superaram as expectativas, já que se tratavam de escolhas mais tardias do draft.
Depois dos Bucks, aparecem os Phoenix Suns liderados por 5 estrelas: Amare Stoudemire (#9), Shawn Marion (#9), Steve Nash (#15), Michael Finley (#21), Stephen Jackson (#42) e Cedric Ceballos (#48).
Os Lakers contam também com 5 jogadores estrela. Depois de terem assegurado Kobe (#13), após troca com Divac (#26), escolheram ainda Nick Van Exel (#37), Eddie Jones (#10) e Marc Gasol, este escolhido na posição 48 e posteriormente trocado para Memphis. Tiveram ainda alguns jogadores sólidos em Elden Campbell (#27), Andrew Bynum (#10 e ainda a subir) e Derek Fischer (#24)
Os Spurs escolheram Duncan (#1), Parker (#28) e Ginobili (#57), que foram a base dos seus vários títulos. Escolheram ainda Scola (#55), que está próximo do patamar de estrela, Leandro Barbosa (#28), John Salmons (#26) e Beno Udrih (#28).
Cleveland surge no 5º lugar da tabela, apesar de contar com um misto de sucessos e fracassos. LeBron James contribui e muito para o sucesso das escolhas dos Cavs, que também acertaram ao escolher Carlos Boozer (#34), André Miller (#8) Ilgauskas (#20) e Terrel Brandon (#11). Por outro lado, conseguiram falhar redondamente nas escolhas de Chris Mihm (#7), Dejuan Wagner (#6), Ferry (#2) e Diop (#8).
No final da lista, não há grandes surpresas, com os Knicks a liderarem pela negativa. A equipa de Nova York não conseguiu acertar numa única estrela, sendo que David Lee (19.9) está bem próximo de o conseguir. Nené (#7) foi outra das escolhas mais acertadas, até ser trocado e quanto às escolhas de segunda linha, apenas Trevor Ariza, que também acabou trocado, tem escapado ao nível medíocre.
E depois há os Clippers, outra equipa cujo ror de escolhas tem deixado muito a desejar. A lista de nomes praticamente desconhecidos conta com Korolev (#12), Randy Woods (#16), Kimble (#8), Ely (#12), Dooling (#10), Livingston (#4) e Olowokandi (#1), entre outros. Das escolhas da segunda equipa de Los Angeles, apenas um jogador atingiu o patamar de estrela, Lamar Odom (#4), hoje em dia uma das principais figuras dos Lakers.
