Inovação e criatividade: será mito?
 
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Inovação e criatividade: será mito?

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altEm tempos escrevi este artigo para um jornal da cidade que orgulhosamente digo que é a minha, o Barreiro.

A alegria que sinto de aqui viver tem paralelo com a paixão que sinto pelo basquetebol, modalidade dentro da qual fiz amigos, cresci, diverti-me, ganhei bases de trabalho para a vida e ganhei referências para o futuro desde muito cedo. E para a qual olho com muita preocupação. Eu também sou um dessa imensa minoria. Aqui fica então como ponto de partida para esta discussão:

 “Inovação e Criatividade. São duas das palavras em voga na nossa sociedade, ficam bem, mostram que estamos na vanguarda do conhecimento e não há negócio que não apregoe o estatuto inovador e criativo dos seus produtos ou serviços. Mas confesso que por muito que leia, estude ou experimente, ninguém para mim consegue ser mais inovador e criativo que uma criança! O que elas fazem com objectos do seu (e do nosso) dia a dia é fantástico, os usos que lhes dão e que nunca pensamos deixam-nos sempre boquiabertos. Esta realidade intriga-me. Se as crianças são por natureza criativas e inovadoras no uso que dão a objectos de uso corrente, parece-me lógico que deveríamos estimular essa criatividade ao longo do seu trajecto escolar e da sua vida. Se hoje ninguém arrisca prognosticar como será o mundo daqui a cinco anos, não será tão importante como a literacia ou a matemática o fomento da criatividade, da capacidade de adaptação e espírito experimentador? Parece-me que sim.

O que muitas vezes nos diverte nas crianças é a capacidade de arriscarem, de não terem medo de dizer o que quer que seja (por muito que isto amiúde nos embarace a nós, adultos), de tentarem. E que resposta dá a escola e a vida a esta capacidade inata destes pequenos seres humanos? Será que premeia ou castiga que ousa ser diferente, será que procura a diferença ou anseia impiedosamente pela homogeneidade de um grupo? E como é que nós vemos o erro? Veremos nele uma tentativa de alguém em fazer algo, em tentar, criamos um ambiente seguro na nossa casa, no nosso trabalho para que as pessoas se sintam motivadas a tentar, a arriscar, a errar e a aprender com o erro para voltar a tentar novamente? Ou vemos apenas mais uma parvoíce daquele idiota que ainda não aprendeu a ficar quieto. Sir Ken Robinson diz frequentemente nas que errar não é sinónimo de ser criativo ou inovador. Mas quem não está preparado para errar nunca estará preparado para ser original. E a realidade mostra que esta capacidade que todos demonstramos enquanto crianças se desvaneceu na idade adulta. Tememos o erro. Tememos o estigma que dele advém. Tememos ser diferentes. Nunca vamos ser originais! Por mais que apregoemos o contrário.”

Por acreditar que é na juventude que se pode estimular e fomentar de facto a criatividade e a inovação, olho com bastante atenção para o basquetebol de formação do nosso país sob esta perspectiva. Num mundo cada vez mais democratizado no acesso ao saber e onde estamos a um clique de distância de qualquer conteúdo, olho com alguma preocupação o que vejo de forma frequente nos nossos pavilhões: os mesmos movimentos individuais, as mesmas jogadas colectivas, as mesmas repreensões (principalmente a quem ousa ser criativo, quem já não assistiu a uma tentativa de passe por detrás das costas dar direito a banco?), as mesmas cópias, de cópias, de cópias. Amigos meus dizem que se até os dirigentes são os mesmos não há-de o basquetebol estar igual, mas isso já é outra conversa. Já ninguém se lembra do original. Fazemos como treinadores porque alguém de suposta referência faz ou porque também fiz quando era jogador. Agora passamos a palavra e os exercícios. Passamos o estilo e as reprimendas. Apenas deixámos de calçar Sanjo de pano e ter calções curtinhos. De resto somos verdadeiros bastiões da tradição!

Contudo o basquetebol como o mundo não é o mesmo de há 30 anos. Nem vai ser igual daqui a cinco. E isso faz-me pensar e perguntar: Será que trabalho a criatividade, a capacidade de adaptação, a inteligência emocional nas minhas equipas? Incentivo a tomada de decisão e a iniciativa? Premeio quem erra (porque arrisca) com nova oportunidade ou ando a rezar para que tudo saia “mecanicamente”? Andarei a fazer algo de diferente na minha equipa que impulsione a capacidade de adaptação, a criatividade e a inovação dos meus adversários em campo? Estarei eu também a contribuir para que o nível da modalidade seja mais elevado ou sou mais um perpetuador do status quo?

No início da temporada passada perguntei-me porque é que sempre que o árbitro apitava para dar os três minutos antes do início de cada partida fazia nas minhas equipas as célebres entradas rápidas (duas bolas e toca a fazer entradas para o cesto, vocês sabem como é…) e a resposta foi óbvia: faço porque o fiz enquanto jogador e porque todos o fazem, deve ser dos exercícios mais consensuais da modalidade. Mas o mais interessante para mim é que sendo também um dos muitos treinadores que apela á defesa como pilar do rendimento, o aquecimento era praticamente todo baseado na bola e em acções ofensivas. Pensei: “se não der nada mais á modalidade que amo, aqui pelo menos vou deixar de ser cópia. Vou ser original!” Resolvi então passar o último minuto e meio do aquecimento a fazer posição defensiva, a gritar, a saltar. É o nosso Haka ao melhor estilo nova-zelandês. Não sei se é melhor ou pior. E sinceramente não estou interessado em saber. Mas sei que nos aproximou como equipa porque é algo só nosso e que partilhamos. E diverte-nos! E fomos originais!

Gostaria então de perguntar a todos: Vocês sabem porque fazem as vossas entradas rápidas antes do início de cada jogo?

Um abraço,

Frederico


Frederico Rosa é licenciado em Comunicação pela Universidade Católica Portuguesa, pós-graduado pelo ISCTE em Recursos Humanos e possui formação especializada em Liderança de Organizações Inovadoras pelo MIT, Negociação pela Harvard Law School e Liderança de Equipas de Alto-Impacto pela Kellogg School of  Management. É igualmente treinador de Basquetebol de Nível III e partner na Sunergetic Lda.

 

 


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