Ensinar ou ganhar?

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Ensinar ou ganhar?Já o referi várias vezes que nunca vi uma criança entrar num jogo e não querer ganhar. O querer vencer e, ainda bem, faz parte da natureza humana. Ao contrário do que se possa pensar, nunca fui grande adepto da máxima, “ganhar ou perder tanto faz o que interessa é participar”,

nomeadamente quando, com base neste princípio levamos a que criança, ou o jovem não se esforce para melhorar as suas capacidades.

Seja em que situação for gosto muito de quem entra num jogo dê o seu melhor. Esta competição “dar o seu melhor” é bem mais importante que a competição ser melhor do que o outro. Exemplificando o que acabo de escrever, na aprendizagem da natação o que é que é melhor para uma criança, que por exemplo, está a segurar numa prancha e está a bater os pés? Chegar primeiro que os outros ao outro lado da piscina ou ser capaz de o fazê-lo, cada vez com mais correcção e em menos tempo? Qual é destas duas competições a mais importante para a aprendizagem? No primeiro, caso ele pode, se os adversários forem muito incipientes, ser como costumo dizer o melhor do seu quintal, mas poderá também não passar disso. No segundo caso ele terá que ser cada vez melhor.

Na base destas considerações estão o exemplo que assisti, na recente edição do Minicesto, dado pela Oliveirense orientada pelo Vitor Martins, num jogo em que o adversário era francamente mais frágil. Ninguém gosta de perder, mas neste caso a vitória estava sempre garantida. O que será mais importante, vencer por muitos pontos a equipa adversária, que nem consegue repor uma bola, ou condicionar o jogo da equipa mais forte, de forma que, a outra equipa consiga jogar, mas não deixando que a minha equipa mais forte se acomode. Em que situação ambas as equipas aprendem mais? Com um jogo condicionando da equipa mais forte, ou simplesmente para gozo pessoal, querer obter a maior diferença pontual possível?

O que eu assisti foi a equipa da Oliveirense sempre enquadrando defensivamente, muito mais do que roubar a bola ao portador da bola compreender o que são linhas de passe, tentar interceptar a bola no passe, para a partir daí construir um contra-ataque sem drible apenas na base do passe? A vitória nunca esteve neste jogo em causa, mas em que situação os minis da Oliveirense aprenderam mais do jogo? Esta é a diferença, entre quem quer apenas ganhar e quem querendo vencer está verdadeiramente preocupado em ensinar.

Contudo, que o diga o amigo José Costa, que felizmente já ouvi dizer, que este ano ia estar de novo em Paços de Ferreira com a selecção dos Minis-12 de Coimbra, para não haver más interpretações, convém ter sempre um breve diálogo com o treinador adversário. O José Costa sabe o que estou a dizer. Num próximo artigo poderei explicar do que estou a falar e até breve em Paços de Ferreira, amigo José Costa.

 

 
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