Desfazer equívocos

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altTenho sido convidado por múltiplos clubes de norte a sul do país para, através do Zoom, falar e dar em tempo de pandemia sugestões a minis e treinadores de minibásquete, o que faço com todo o gosto e prazer.

O último convite que recebi para me reunir com treinadores partiu do Fernando Lemos coordenador do minibásquete do Clube Atlético Queluz com um desafio muito curioso. Disse-me o Fernando Lemos: "Oh San Payo eu que o conheço bem, venha lá ao meu clube e desfaça lá essa ideia, que o San Payo é contra a competição. Porque uma coisa é o que o San Payo diz, outra é o que algumas pessoas ouvem e outra ainda é o que alguns dizem que o San Payo disse, sem nunca o ter feito. Eu que trabalhei vários anos consigo sei que o San Payo é competitivo e nunca foi contra a competição.

Achei este desafio interessante e para de uma vez por todas desfazer equívocos, vou uma vez mais tentar esclarecer o meu pensamento sobre este tema. A dicotomia formação versus competição é um mito. Para ser bem claro, não existe formação sem competição. As crianças são normalmente competitivas, como já referi várias vezes, nunca vi uma criança entrar em campo e não querer ganhar o jogo, e já vi e sei de muitas situações, algumas bem deploráveis, em que jogadores seniores até se esforçaram para que a sua equipa perdesse.

Por detrás deste equívoco do que eu penso sobre a competição, pode estar o problema da comunicação. E onde é que esta pode falhar? Na minha passagem pela Faculdade de Letras de Lisboa, na cadeira de linguística, aprendi com o Prof. Dr. Lindley Cintra, um dos melhores professores que alguma vez tive na minha vida, o modelo de comunicação do Roman Jackobson. Segundo Jackobson o processo de comunicação passa por um emissor, um receptor, um código, uma mensagem, um canal e um referente. A falha num destes elementos provoca incomunicabilidade ou distorção da comunicação. Não vou agora, e aqui, esmiuçar onde é que poderá estar a falha, vou tentar, uma vez mais transmitir o que eu penso sobre a competição e a formação. Para mim e que fique claro de uma vez por todas a competição, como aprendi com o Prof. Carlos Gonçalves, esta não é boa nem má de per si, é como uma faca depende do uso que lhe dermos.

Como tal centremo-nos em dois universos. No universo dos adultos e das competições de seniores e no universo das crianças o minibásquete e começo pelas seguintes perguntas?

1. A competição no minibásquete deve ser idêntica e ter a mesma finalidade duma competição sénior, que é indubitavelmente encontrar um campeão? Sim ou não?

Se respondermos sim, a solução é fácil, limitemo-nos a fazer um decalque dos modelos da competição dos seniores, em que aí sem dúvidas, o foco está no resultado numérico do jogo, o decisivo é encontrarmos processos e estratégias, para vencer o adversário e copie-mos esses modelos para o minibásquete.

Se respondermos não, temos de ser coerentes e encontrar outras soluções na organização da competição? Quais?

2. Os objetivos para uma competição de seniores duma competição de minibásquete são idênticos?

Se os objetivos não forem idênticos quais são as diferenças e o que é que essas diferenças implicam?

Esta semana limitei-me a fazer perguntas, para a semana que vem dou as minhas respostas.

 

 
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