Saber ouvir os mestres

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Saber ouvir os mestresNo artigo anterior formulei duas perguntas: 1. A competição no minibásquete deve ser idêntica e ter a mesma finalidade duma competição sénior? 2. Os objectivos para uma competição de seniores e duma competição de minibásquete são idênticos?

Para ajudar a responder a estas perguntas resolvi recorrer a frases de professores e treinadores de basquetebol, altamente conceituados, com forte contributo na transmissão de conhecimentos para o basquetebol em particular e para o desporto em geral.

Em quase todas as modalidades, a maioria dos agentes desportivos perfilha o princípio incorrecto de iniciar os jovens a fazê-los competir o mais cedo possível como condição obrigatória para serem “alguém” na modalidade.
Teotónio de Lima

"Ao abordar o basquetebol nas idades mais jovens, não devemos ter demasiada pressa, na obtenção do resultado final ou do mergulho extemporâneo numa realidade competitiva idêntica à do adulto e onde o que conta é ganhar, quantas vezes a que preço for."
Jorge Araújo

Se nos adultos, o treino tem de estar condicionado pelo quadro competitivo, nos jovens, pelo contrário são as competições que devem estar ao serviço dos objectivos do treino.
Olímpio Coelho

Na ânsia da vitória que atormenta e perturba os treinadores, esquecem-se estes que tal êxito só terá significado no desenvolvimento da modalidade se for correspondendo a um somatório de sucessos que os praticantes vão vivendo e demonstrando enquanto assumem a sua carreira desportiva.
Hermínio Barreto

O treino de jovens não se orienta pelos critérios da prática desportiva adulta, nem tão pouco apenas pelos critérios do desporto de rendimento.
Jorge Adelino

Enquanto Teotónio de Lima e Jorge Adelino nos alertam para os riscos da especialização precoce, Jorge Araújo acrescenta a este perigo o foco exacerbado no resultado, já Olímpio Coelho dá a entender com clareza que as competições para jovens não podem ser iguais às dos adultos e finalmente Hermínio Barreto explica que a competição nos jovens deve ser orientada para o somatório de desenvolvimento das competências dos jovens praticantes.

Sem competição não há formação. Contudo, e volto a frisar, a competição não é boa nem má de per si, a sua qualidade depende dos seus objectivos e da forma como esta é a ser utilizada. Pelo simples facto de eu chamar à atenção para os riscos da competição, caracterizados pelos autores acima mencionados, é uma extrapolação absurda e abusiva a afirmação gratuita, de que eu sou contra a competição. Para a semana vou continuar a falar deste tema clarificando o que é que me incomoda o que é que eu sou contra. Até lá poderão sempre ler o excelente texto do psicólogo de renome mundial e em simultâneo treinador de basquetebol José Maria Buceta, que reforça tudo o que acaba de ser dito e que está em anexo a este artigo.

 

 
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