O Modelo de Intervenção

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altNo artigo desta semana não poderia deixar de manifestar o meu contentamento pelo elogio feito quer à organização do Convívio do 25 de Abril do NDAP,

quer à aplicação prática do Modelo de Intervenção. Neste intento, parece-me oportuno partilhar o caminho percorrido até à implementação do Modelo de Intervenção.

E nada melhor do que iniciar este relato escrito com uma frase que norteia as nossas preocupações enquanto agentes de ensino e formação desportiva infanto-juvenil.

Ao ensinarmos constatamos que somos tanto mais claros e objectivos, quanto mais aprofundadamente conhecemos o jogo. Essa clareza e objectividade decorrem da simplificação ajustada que fazemos do jogo, aproximando-o do nível dos praticantes que dispomos.

Prof. Hermínio Barreto
(in O Basquetebol e a Pedagogia de Hermínio Barreto)

Quando na AB Leiria nos propusemos a tornar o ambiente do jogo de Minibasquete acolhedor para uma criança principiante na aprendizagem de um jogo de equipa, desde logo entendemos que estaria criada a oportunidade para recuperar, divulgar e incrementar na intervenção dos nossos treinadores de Minibasquete a Pedagogia do Ensino do Jogo, preconizada pelo Prof. Hermínio Barreto.

A criação do Comité Distrital de Minibasquete, a colaboração do Prof. Raul Antunes na sua direcção técnica foi o primeiro passo. A reflexão e a observação do ambiente de jogo praticado pelas crianças participantes nos Convívios deste Comité, lançou um novo desafio, levantando-se as seguintes preocupações:

Munidos de razões efectivas para provocar uma mudança de paradigma, pusemos mãos à obra para que se realizasse uma acção de formação contínua dedicada ao ensino do jogo no Minibasquete. Sem que para tal deixássemos de, nas reuniões do Comité Distrital de Minibasquete, iniciar a sensibilização dos treinadores para encontrar um caminho diferente para ajudar as crianças a gostarem do jogo e a sentirem-se ajudadas na sua descoberta do jogo.

Realçamos que estávamos, e estamos, perfeitamente conscientes de que não iríamos, de um dia para o outro conseguir que todos os treinadores se sentissem perfeitamente à vontade para ajudar e intervir num ambiente de jogo em que visivelmente se constata uma tendência para aglomeração em torno da bola. Mas mesmo assim sentíamos de que tínhamos o dever pedagógico de cooperar com os treinadores fornecendo-lhes ferramentas pedagógicas e didácticas para ensinar melhor.

Importa referir que dirigir, intervir e observar o jogo dos principiantes é um desafio que nunca deixará de ter aliciantes suficientes para que o Treinador invista permanentemente em melhorar as suas competências. Assim, esta iniciativa pretendeu ser um despertar de consciências no que ao ensino do jogo diz respeito. Consideramos importante fomentar o gosto pelo jogo praticado pelos principiantes, que não tendo as mesmas características do jogo de Basquetebol mais evoluído, importa ser apresentado e ensinado com a mesma paixão, dedicação e competência.

Dando vida às acções de formação contínua propusemo-nos realizar uma primeira, em Fevereiro de 2010, em Óbidos, onde contámos com a excelente colaboração do Prof. Jorge Adelino, do San Payo Araújo e, naturalmente do nosso Mestre no ensino do jogo de Basquetebol - Prof. Hermínio Barreto.

Nessa primeira acção demos ênfase aos pormenores da direcção do exercício e do jogo em treino, ao desenvolvimento das capacidades coordenativas ao serviço da melhoria das competências da criança para jogar e ao tema ensinar enquanto jogam. Na verdade, estava dado o primeiro passo para sensibilizar os treinadores para as primeiras etapas de aprendizagem do jogo de Basquetebol e para a importância das primeiras experiências de jogo.

Mas não quisemos parar por aí, pelo que na época seguinte propusemo-nos a realizar uma nova acção, essencialmente destinada aos treinadores de Minibasquete e exclusivamente sobre o ensino do jogo. Quisemos dar continuidade à acção anterior, pelo que seria importante reforçarmos os mesmos saberes pedagógicos para intervir com principiantes. Para tal contamos com a presença do Prof- José Miranda, que de uma forma sistematizada, progressiva e pedagógica apresentou orientações metodológicas para observar, caracterizar e dirigir o jogo dos principiantes. A riqueza e qualidade da sua comunicação acerca deste tema reforçou com enorme qualidade as prioridades para quem dirige a prática desportiva com crianças.

No campo proporcionamos jogo com crianças de idade de Minibasquete, tendo o San Payo Araújo complementado de uma forma brilhante a apresentação do Prof. José Miranda.

Dessa acção nasceu o Modelo de Intervenção. Ou seja, um conjunto de princípios e procedimentos metodológicos para dirigir o jogo de Minibasquete em treino e em convívio.

Em reuniões preparatórias foi apresentada a proposta metodológica, e, particularmente no Torneio do Futuro, destinado ao escalão de Minis 12, foi introduzido o modelo de intervenção. Certo é que não consideramos estarem resolvidos todos os problemas relativos ao ensino do jogo no Minibasquete, mas estamos cientes que só não despertamos as mentes que eventualmente ainda considerem que nestas etapas os resultados, as vitórias continuam a constituir a única forma de promover e ensinar o jogo. Não sendo ainda muitos, estamos convictos que na AB Leiria somos mais do que julgamos quanto ao que fazemos e como intervimos no jogo das nossas crianças, proporcionando-lhes boas práticas.

O convívio do 25 Abril, parece dar-nos fortes indicadores de que é possível caminharmos para uma forma diferente de encararmos a competição desportiva em crianças e é possível que o Adulto seja uma mais valia facilitadora da evolução psicomotora da criança, essa sim o centro de toda a nossa pedagogia.

Como citou o Prof. Jorge Adelino na sua rubrica do site da ANTB Se eles dizem:

"Em si mesmo, o desporto não é bom nem mau. Os efeitos positivos e negativos associados ao desporto não resultam da participação em si, mas da natureza da experiência vivida. Frequentemente chegamos à conclusão que um elemento importante na determinação da natureza daquela experiência é a qualidade da liderança dos adultos que a dirigem".

Tony Byrne

Saibamos em consciência mantermo-nos firmes a este propósito.

Em anexo partilhamos o nosso modelo de intervenção e as nossas preocupações quanto à intervenção do Treinador no que às regras da modalidade diz respeito.

 

 
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