Os artigos de reflexão tem-me deixado pouco espaço para fazer uma das coisa que mais gosto, apresentar exercícios e conceitos de aprendizagem.
Queria realçar que os exercícios que apresento são para todos os professores e todos os treinadores. Assim toda a gente pode utilizá-los como mais lhe convêm, adaptá-los às circunstâncias, alterá-los em função dos objectivos, introduzir modificações que julguem convenientes, sem estarem preocupados com o exercício que lhe deu origem. A minha intenção muito mais do que fornecer um esquema de exercício é apresentar uma ideia, que se desenvolverá ou completará consoante os objectivos, as necessidades ou os meios de quem a aplica. A minha sugestão de hoje é ajudar a resolver a aglomeração na transição da defesa para o ataque.
Uma ideia que tenho insistido nas acções de formação é que aprender a jogar é aprender a tomar decisões. Este conceito tem de passar para o treino e como tal temos de apresentar, executar ou criar exercícios em que os praticantes tomem decisões. Dos bons exercícios que tenho apresentado para tomar decisões, nomeadamente na ocupação de corredores na transição da defesa para o ataque, foi um dos exercícios apresentado pelo António Carrillo em Queluz o ano passado. No entanto uma coisa é o exercício outra é a sua aplicação e transferência para a situação de jogo. Para melhor compreensão da minha proposta sugiro a consulta do referido artigo.
Aplicação do exercício à situação de jogo
Se não queremos aglutinação no corredor central, após a aplicação do exercício mencionado, deixem no treino, durante a fase do jogo os dois pinos, que utilizaram no exercício, na linha de meio campo e joguem com uma condicionante:
Regra do jogo condicionado na situação de treino:
- O portador da bola pode passar por qualquer corredor;
- Pelo corredor central só o portador da bola está autorizado a passar;
- Os restantes jogadores na transição da defesa para o ataque, tem de passar obrigatoriamente pelos corredores laterais.
Indicações para os jogadores sem bola tentar ir á frente da linha da bola e mostrar a cara ao portador da bola para haver contacto visual.
Aqui entra outro conceito já divulgado no exercício Quatro passos, quatro olhos, ou seja o respeito pelas distâncias entre os jogadores ser pelo menos de 4 passos.
Experimentem e observem os comportamentos das crianças. Garanto-vos que com estes princípios bem aplicados, desaparece grande parte dos problemas das etapas iniciais que é a aglomeração torno da bola.
Como nota final informo que este processo só será eficaz se for incorporado no jogo como uma regra à qual o treinador tem de estar atento. Sempre que um jogador que não seja portador da bola na transição para o ataque passe pelo corredor central pelo meio dos dois pinos, o treinador tem de apitar e dar posse de bola à outra equipa. Se for rigoroso, diz-me a experiência, que não vai ter de apitar muitas vezes.
Nota
Os exercícios relacionados com esta proposta são: Ensinar a jogar é ensinar a decidir (12 de Maio 2009) – Quatro passos quatro olhos; Como é que ensina o jogo (02 de Junho de 2010) – Quatro passos quatro olhos as variantes; O exercício do António Carrilho (26 de Outubro de 2010) – Qual é o teu corredor?
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