Eles têm radares…

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altE quando inesperadamente não temos condições para realizar a sessão que planeámos, que devemos fazer? Diz-me a experiência que em termos de condições as crianças são tão pouco exigentes.

O querem então os mais novos? Na minha recente ida a Cabo Verde fui confrontado na ilha da Boavista com a seguinte situação, queria exemplificar aos treinadores que estavam na acção de formação como se podia ensinar a lançar ao cesto, a grupos alargados. Para tal pensei em recorrer ao exercício exposto no último artigo técnico publicado neste site intitulado “Lançar ao cesto sem angústias.” 

Ao chegar ao recinto onde ia decorrer a parte prática, por circunstâncias diversas, tinha 32 jovens, uma tabela e 4 bolas. O que fazer? Não dar o treino, porque não estavam reunidas as condições, e mais do que desapontar os treinadores, desiludir.

32 jovens com vontade de aprender, ou encontrar uma solução.

Desde que haja vontade, como todos sabemos, a necessidade aguça o engenho. Quero que fique claro, que não estou a defender a realização de treinos em más condições. O que pretendo realçar, é que quando há vontade, surgem as soluções, e mais tarde procuram-se as condições.

Dois exemplos de muitos que conheço do que acabo de dizer são o trabalho desenvolvido pelo Daniel Nascimento no Moinho da Juventude, que começou a dar treinos de mini, quase que de fugida, num campo ao livre nas horas em que este estava livre e da Sandra Batista do Coimbrões que, quando começou a treinar mini na ausência de tabelas, desenhou quadrados nas paredes, que serviam de cestos.

Hoje em dia ambos tem melhores condições de treino e ambos, porque empenhados e dedicados, tiveram sucesso nos seus trabalhos. Jovens que começaram com o Daniel estão hoje em vários clubes, alguns já jogam na Proliga e a equipa da Sandra, anos mais tarde foi duas vezes campeã distrital do Porto, vice campeã nacional num ano, e campeã nacional no ano seguinte em Sub-14 femininos.

O que nunca podemos fazer é defraudar os mais novos. Do ponto de vista das condições eles exigem tão pouco de nós, onde eles são intuitivamente e felizmente exigentes é no comportamento, exemplo vontade e empenho do treinador. Nisso, eles tem radares especiais, e rapidamente detectam a nossa atitude.

Pode ver o exercício aqui.

 

 
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