Dream Team vs Redemption Team?

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16 anos depois do verdadeiro "Dream Team", os EUA voltaram a apresentar uma selecção de sonho, apostada em reconquistar o domínio do basquetebol internacional perdido nos últimos anos. Esta nova selecção foi apelidada "Redemption Team" (equipa da redenção).

É inevitável não cair na tentação de tentar comparar estas duas excelentes equipas.

Mesmo sabendo que já se passaram 16 anos desde os Jogos de Barcelona e que o basquetebol que se jogava em 1992 era bem diferente do que se joga hoje, não consigo resistir a esta tentação.


Em primeiro lugar, há que enquadrar cada uma destas selecções no cenário que se lhes deparou.

Em 92, o "Dream Team" apareceu em cena como uma selecção imbatível e dominadora, que punha em sentido qualquer adversário. A superioridade física e psicológica dos Americanos era de tal forma que os seus adversários estavam mais preocupados em perder por menos de 40 pontos do que sequer em disputar o jogo, excepção feita à Croácia na final Olímpica.

Chuck Daly, o treinador da altura, limitou-se a seleccionar 11 dos melhores jogadores da NBA e um artista convidado vindo da universidade de Duke (Christian Laettner), cujo papel era não atrapalhar muito. Pouco mais teve de fazer o bicampeão da NBA com os Detroit Pistons, tal era a supremacia do seu conjunto.


No entanto, desde 1992, o panorama do basquetebol mundial alterou-se e muito. O basquetebol Europeu (incluo aqui os Argentinos que emigraram para a Europa) evoluiu muito, principalmente nos aspectos técnicos e tácticos, enquanto no continente Americano e concretamente na NBA, o jogo evoluiu sobretudo ao nível da componente física dos atletas, desprezando de certa forma, a componente táctica.

Esta diferente evolução acabou por trazer um maior equilíbrio à cena internacional, principalmente quando os melhores dos Europeus atravessaram o Atlântico, melhorando bastante a sua condição física e conseguindo competir olhos nos olhos com os norte-americanos.


Em 2008, a "Redemption Team" tinha à partida um papel bem mais complicado. Em primeiro lugar, porque tinha uma grande responsabilidade, a de fazer esquecer as péssimas prestações dos EUA nas últimas grandes competições internacionais (Mundiais de Indianapolis'02 e Osaka'06 e Jogos Olímpicos de Atenas'04). Além disso, já não tinha o respeito dos seus adversários, que nos últimos anos se tinham apercebido que afinal, os norte-americanos podiam ser derrotados. Daí que esta prova tenha sido abordada com muito mais cuidado pelos responsáveis Americanos, nomeadamente pelo director de operações Jerry Colangelo e pelo seu treinador Mike Krzyzewski, que curiosamente havia sido adjunto de Daly em 92.


Mas afinal, qual destas selecções foi mais forte?

BASES

De um lado, Magic Johnson e John Stockton, do outro Jason Kidd, Chris Paul e Deron Williams.

Magic e Stockton são os líderes dos rankings de assistências por jogo e total de assistências da história da NBA, sendo considerados dois dos melhores, senão mesmo os melhores bases de sempre a actuar na NBA. No entanto, tanto um como o outro não se apresentaram ao seu melhor nível em Barcelona. Stockton viu-se afectado por uma lesão contraída no pré-olímpico e Magic vinha de uma época sem competir, o que não o impediu de ser o líder do conjunto, contagiando os seus companheiros com a sua inesgotável energia e alegria para jogar. Os bases de 2008 tiveram um papel mais preponderante na conquista do Ouro. O veterano Kidd a organizar e a manter os seus companheiros no rumo certo e os mais jovens e velozes Paul e Williams, chamados à acção quando era chegada a hora de pressionar mais defensivamente e alterar o ritmo do jogo.

Se tivermos apenas em conta a prestação destes atletas nos jogos olímpicos, a vantagem vai para a geração de 2008, mas por aquilo que fizeram na sua carreira Magic e Stockton levam vantagem.

BASES-EXTREMOS

De um lado, Michael Jordan, Clyde Drexler e Chris Mullin, do outro Kobe Bryant, Dwayne Wade e Michael Redd.

Esta categoria, aos meus olhos, estará sempre desequilibrada a favor do conjunto de sua alteza real Michael Jordan, o melhor de todos os tempos. Kobe Bryant é um excelente jogador mas Michael foi melhor, pelo menos para mim. Drexler e Wade, acabam por se equivaler, dois atletas velozes e atléticos e com grande capacidade anotadora, Drexler e Wade foram decisivos nas suas equipas, apesar de terem estilos diferentes, o primeiro foi muito mais elegante, enquanto Wade é bem mais poderoso. Mullin e Redd, tinham no tiro exterior a sua maior arma, contudo, o papel de Mullin em Barcelona foi bem mais relevante que o do suplente Redd pelos redentores. Mullin foi o 4º melhor marcador de Dream Team, com 12.9 pontos por jogo, obtendo quase 54% dos seus lançamentos de três pontos.

Nesta posição, a vantagem é para o Dream Team

EXTREMOS

De um lado, Larry Bird e Scottie Pippen, do outro LeBron James e Tayshawn Prince.

O deus branco de Boston, Larry Bird chegou a Barcelona já em final de carreira e afectado pelas crónicas lesões nas costas e limitou-se cumpriu o seu papel, sem forçar muito. Por outro lado, Pippen assumia o protagonismo, nomeadamente a nível defensivo, a roubar bolas e a sair rapidamente para o contra-ataque. Nos redentores, LeBron James foi um dos líderes do conjunto e um dos principais responsáveis pela intimidação e imposição do poderio físico norte-americano. Prince foi mais importante do que os seus números aparentam, principalmente pela capacidade de decisão e inteligência com que atacou as zonas contrárias, além da sua habitual competência defensiva.

Tal como na posição de base, a vantagem histórica vai para a equipa de sonho, mas pelo que fizeram nos jogos, os extremos redentores foram mais decisivos para a sua equipa.

EXTREMOS-POSTES

De um lado Charles Barkley, Karl Malone e Christian Laettner, do outro Carmelo Anthony e Carlos Boozer.

Vamos deixar de fora desta discussão, o artista convidado Laettner, talvez o mais afortunado basquetebolista de todos os tempos, por ter tido a sorte de integrar a equipa de sonho. Barkley e Malone lutaram durante anos a fio pelo título de melhor power-forward da NBA. Em Barcelona, Barkley foi o melhor marcador do Dream Team com 18 pontos por jogo, enquanto Malone foi o 3º melhor com 13 ppj. A capacidade de ambos na luta das tabelas, tanto defensiva como ofensiva, bem como a sua apetência em sair rápido para o contra-ataque levam vantagem sobre o duo Carmelo e Boozer, apesar da boa capacidade de tiro do primeiro e da competência do segundo ao nível do jogo interior.

A vantagem nesta posição é clara para o Dream Team.

POSTES

De um lado Patrick Ewing e David Robinson, do outro Dwight Howard e Chris Bosh

O mais poderoso Ewing e o mais atlético Robinson, fazendo uso da sua enorme classe, estavam no seu auge físico em 92 e ajudaram o Dream Team a estabelecer uma supremacia enorme ao nível da luta das tabelas. A equipa de sonho conquistou em média mais 13.5 ressaltos por partida que os seus adversários, tendo este sido um dos factores decisivos para o domínio incontestado dos norte-americanos ao longo da prova. O superman Dwight Howard e o poste adaptado Chris Bosh desempenharam bem o seu papel, aproveitando tal como os postes de 92, as sobras dos seus companheiros, mas não estiveram ao mesmo nível que os postes de sonho.

Mais uma vez, o Dream Team leva vantagem.


Analisando posição a posição, a hipotética vantagem irá para a equipa de sonho, devido em grande parte à sua superioridade no jogo interior. Por outro lado e apesar da grande capacidade desta selecção de Pequim, nenhum dos elementos deste "Redemption Team" conseguiu ainda atingir o nível quer de Michael Jordan, Magic Johnson ou Larry Bird.
 
Acima de tudo, a conclusão a que se chega é que um virtual confronto entre estas duas fantásticas equipas no seu auge, seria certamente um desafio interessantíssimo de se seguir, no entanto, continuo a pensar que Dream Team só houve um, foi o de 1992 e mais nenhum…


Qual destas equipas leva vantagem? Dream ou Redemption Team?

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