Dermot Russel em entrevista

Versão para impressão
Avaliação: / 3
FracoBom 

altAs Captações nos dias 20 e 21 de Julho no Pavilhão Acácio Rosa (Restelo, Lisboa) irão abrir a porta do basquetebol europeu e norte-americano a jovens atletas portugueses.

A Players1st lidera este processo em parceria com o Campos MVP. Vamos conhecer melhor o líder desta agencia internacional de jogadores, Dermot Russel.


Olá Dermot, fala-nos um pouco da tua experiência no mundo do basquetebol e do teu percurso até aqui.
Tendo crescido na Irlanda, enquanto adolescente, pratiquei uma série de desportos, como o futebol, o futebol gaélico e o hurling. No entanto, de entre todos os que pratiquei, aquele que sempre teve mais significado para mim foi o basquetebol. A maneira como acabei por escolher este desporto e não outros foi um pouco por acidente. Tinha 14 anos quando, a jogar hurling, fiquei inconsciente, devido a uma pancada na cabeça. A minha mãe obrigou-me a optar por um dos outros desportos que eu jogava, sendo que ela também achava o basquetebol o melhor. Então, acabei por me focar exclusivamente nesta modalidade, sendo que comecei também rapidamente a receber incentivos para o fazer, ao passar a ser observado pelo programa de desenvolvimento de jogadores e a representar a seleção da Irlanda. Com tudo isto, acabei por receber uma bolsa de estudo para ir para os Estados Unidos, onde passei três anos, antes de regressar à Irlanda, para jogar como profissional nos Tolka Rovers. A minha carreira acabou muito cedo, devido a uma lesão no joelho, e acabei por me afastar. Mais tarde, acabei por voltar a jogar numa Liga Regional, mas de forma amadora, já que não tinha a possibilidade de me dedicar da mesma forma.

Sendo que aquele que considero o meu maior feito, no basquetebol, ter sido representar a seleção do meu país, manter-me envolvido na modalidade e ver os meus filhos fazerem-no dá-me uma enorme satisfação, já que acredito que o basquetebol pode transmitir valores e experiências de vida como nenhuma outra modalidade.

És um dos proprietários da Players1st. Quais são as tuas funções na empresa?
A Players1st tem crescido bastante nestes últimos 12 meses. Temos três diretores e eu sou o acionista principal. As minhas funções são bastante alargadas, centrando-se sobretudo nos contactos com jogadores e treinadores, de maneira a encontrar o lugar ideal para que desenvolvam o seu trabalho. Essa acaba por ser a função que decorre da minha condição de agente FIBA. Para além disso, uma das áreas que me interessa mais é a da procura de oportunidades para jovens atletas, de maneira a permitir o desenvolvimento das suas carreiras sem descurar os seus objetivos académicos.

Como se vai desenrolar o Campo de Treinos e como serão escolhidos os atletas?
Os Campos de Treinos são uma forma de mostrar jogadores às Academias às quais estamos associados. Para além disso, estamos a trabalhar com instituições norte-americanas que procuram jogadores europeus que caibam nas suas equipas. As bolsas completas serão para os jogadores de elite que esperamos poder identificar nestes campos. Estes treinos são dirigidos pelos nossos treinadores e diretor. Eu próprio, o diretor da Academia e o nosso prospetor vão identificar os principais atletas. Também contamos com as opiniões dos treinadores dos Campos MVP para fortalecer as nossas escolhas. O programa do Campo de Treinos visa explorar as forças dos jogadores em situações de 1para1, 2para2, 3para3, 4para4 e 5para5. Os exercícios estão desenhados para garantir que cada jogador tem o mesmo período de tempo para demonstrar as suas qualidades e níveis de habilidade. Em cada dia de treinos, faremos uma exposição para jogadores e pais, de maneira a que não restem dúvidas quanto ao que procuramos identificar no grupo de jogadores, evitando ambiguidades. Assim que um grupo de jogadores estiver identificado, cada um deles será contactado de modo a iniciar uma série de entrevistas via Skype com as instituições com quem trabalhamos – e durante esse processo faremos o acompanhamento com o atleta e com os seus pais.

Os jogadores estarão prontos para começar a receber as bolsas de estudo no início da próxima época?
É esse o nosso objetivo, procuramos atletas entre os 15 e os 19 anos que estejam prontos para a temporada de 2013/14. Se o jogador sentir que não está pronto em setembro mas quiser ter essa mesma oportunidade em 2014/15, trabalharemos em conjunto para que isso seja possível, sempre que ele demonstre o interesse e a capacidade para o fazer. É importante notar que estamos a falar de crianças e o nosso objetivo não é arranca-los da escola para jogar basquetebol, queremos oferecer-lhes uma oportunidade de estudar no estrangeiro enquanto continuam a desenvolver as suas capacidades de jogadores.

O que acontecerá aos jogadores escolhidos? Como serão eles distribuídos pelas diferentes instituições?
Os atletas escolhidos serão apresentados às diferentes instituições. Cada uma delas tem processos de inscrição diferenciados, dependendo a maior parte das vezes do nível e idade do atleta e também do seu percurso fora do campo de jogo. Nós conhecemos muito bem as características procuradas pelas instituições e iremos apresentar os jogadores conforme esse conhecimento, apropriando as capacidades dentro e fora do campo ao lugar que lhes estará destinado.

Os campos são para atletas de que idade?
Temos oportunidades para rapazes entre os 15 e os 19 anos. Iremos também ter um dia para raparigas da mesma idade.

Porque escolheram Portugal para organizar estes campos?
Neste momento estamos a organizar campos em três países, Irlanda, Letónia e Portugal. Identificamos estes três países por terem atletas que podem jogar em níveis de exigência mais alta, mas que estão localizados em zonas com menos capacidade de exposição das suas capacidades. Estas oportunidades serão o primeiro passo para que possam desenvolver as suas capacidades, de maneira a um dia poderem vir a jogar profissionalmente, ao mesmo tempo que os preparamos para os restantes desafios das suas vidas. O nosso programa de desenvolvimento visa alimentar os atletas com todas as condições para melhorarem individualmente e que, no futuro, possam começar a ser chamados para as respetivas seleções, podendo, através deste intercâmbio de experiências, ter um efeito positivo no desenvolvimento do jogo nos respetivos países.

Que tipo de parceria existe entre a Players1st e os Campos MVP?
Descreveria a relação das duas empresas como algo que está em crescimento. A Players1st teve a sorte de encontrar um parceiro como os Campos MVP, com quem partilhamos filosofias como colocar os jogadores em primeiro lugar nas prioridades – a nossa marca fala por nós! Neste momento, estamos já a discutir com os Campos MVP um progressivo desenvolvimento de oportunidades para jogadores, de maneira a ajudá-los a alcançar os seus objetivos na vida e no basquetebol.

Este projeto terá continuidade nos anos seguintes?
A resposta a essa pergunta está diretamente associada ao sucesso alcançado pela nossa iniciativa em julho. Existem bastantes custos associados à organização destes campos, pelo que estamos a tentar que as inscrições possam vir a permitir a realização do evento. O ideal seria chegarmos a uma situação em que ofereceríamos estas oportunidades gratuitamente, mas os custos estruturais de organizar campos a um nível internacional leva-nos a ter que manter o sistema apresentado. Obviamente que, encontrando parceiros que possam querer associar-se a nós, patrocinando a inscrição de atletas, estamos abertos a essa possibilidade e agradecemos que nos contactem nesse sentido.

 

 
ARTIGOS RELACIONADOS: