Por um futuro melhor!

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Raul AntunesTendo sido convidado pelo mestre San Payo Araújo para escrever um depoimento alusivo aos 50 anos do minibasquete, saltou-me à vista de imediato uma questão: Vou falar de quê?

Poderia falar sobre o meu início da modalidade, exatamente pela porta do Minibasquete, no modesto clube CARP (Clube Atlético de Regueira de Pontes). Poderia igualmente falar acerca de um conjunto de treinadores que influenciaram neste percurso de atleta a treinador e que muito contribuíram para a definição clara de uma filosofia de trabalho. Pensei igualmente em abordar a experiência no Comité Distrital de Minibasquete da AB Leiria, ou então falar de um verdadeiro momento de partilha e união que se encontra na Festa Nacional do Minibasquete (na qual tenho a felicidade de marcar presença desde a primeira edição).

No meio desta dúvida, decidi abordar uma temática que, pela minha atividade profissional enquanto docente e investigador, tem sido alvo da minha análise: Qual o verdadeiro valor da prática desportiva para os jovens e crianças? Disfrutam as crianças da prática desportiva como fonte para um desenvolvimento (físico, cognitivo, social e moral) mais completo e harmonioso?

No meio de todas estas questões, não tenho dúvida que o minibasquete tem dado passos importantes para de facto se assumir como ferramenta importante para um futuro melhor.

Futuro melhor para a modalidade que ganhará por certo novos praticantes, novos dirigentes, novos treinadores, novos árbitros, e acima de tudo mais gente nos pavilhões.

Mas principalmente futuro melhor para cada um dos praticantes. Em primeiro lugar a nível físico, dado que no minibasquete há uma preocupação evidente com as reais necessidades das crianças desta faixa etária – desenvolvimento das capacidades coordenativas (num contexto social onde a falta de vivências motoras é notória). Em segundo lugar a nível social, sabendo nós que a socialização acontece à medida que as crianças e jovens interagem, a quantidade de interações que o minibasquete promove nas suas atividades será por certo um passo importante para a construção da própria identidade dos jovens praticantes. Por último, mas não menos importante, o desenvolvimento moral pode, e deve, ser alvo da atenção por todos os que trabalham no contexto do minibasquete. E aqui salientava as palavras do amigo San Payo Araújo na abertura das últimas Festas do Minibasquete : “Uns vão ganhar, outros vão perder, mas o fundamental é que estamos aqui todos a trabalhar para algo mais importante – uma sociedade melhor”.

Fica então o desafio para os treinadores nunca se esquecerem que no minibasquete de facto “o mais importante é a criança”. E neste sentido, nem todos serão atletas em sub 14, 16, 18 ou muito menos Séniores. Mas todos eles têm, naquele momento, a oportunidade de disfrutar, aprender, conviver, e acima de tudo encontrar exemplos e referências para valores que, por certo, lhes serão muito úteis no futuro.

Mas também um desafio para os pais: Participem, apoiem os vossos filhos, mas acima de tudo façam-no como pais e não como treinadores (mesmo que na realidade o sejam noutros contextos). Não lhes perguntem se ganharam ou perderam? Se marcaram ou não cestos? Perguntem-lhes se se divertiram no treino. Se fizeram algum amigo novo nos convívios ou atividades.

Pais e treinadores têm pois em mãos um desafio importante:  Aproveitar o potencial que o Minibasquete tem para que tenhamos todos UM FUTURO MELHOR.

 

 
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