O atleta, antes de ser alguém que pratica desporto, é uma pessoa. E é o que ele é como pessoa que vai determinar o que ele é como atleta. E a responsabilidade da pessoa que ele vai aprendendo a ser é, em grande parte, dos seus pais.
Existem várias formas de aprendizagem, mas acredito pessoalmente que a mais poderosa é por imitação.
Um bebé vê os adultos a andar de pé, e com menos de um ano de vida começa a colocar-se nessa posição, e a dar os primeiros passos, sem ninguém ter necessidade de explicar como fazê-lo.
Igualmente o tempo que passamos com outros, determina certas mudanças de comportamento.
Dito isto, olhamos para os atletas de hoje e por vezes não gostamos de como se comportam. De como contestam as decisões dos árbitros, de como viram as costas aos treinadores, de como culpam tudo à sua volta pelo seu fracasso, ou por outro lado, acham que são os piores do mundo quando não alcançam o sucesso esperado.
Por vezes coisas mais subtis como falta de garra, facilidade em desistir, motivação para coisas não relacionadas ao treino, excesso de sensibilidade... E a lista, como sabem, não tem fim.
Estes comportamentos são o espelho de alguma coisa, são um feedback do que o atleta tem visto e ouvido dentro e fora de campo.
Hoje dirijo-me aos pais dos atletas, porque eles também fazem parte desta equação na qual o resultado final é: atletas a sério.
Não acredito que os pais, como muitos dizem, sejam o problema, mas acredito que são definitivamente uma parte importante da solução para a mudança de certos comportamentos, que produziram melhores resultados, não apenas desportivos obviamente.
O que é que os pais podem fazer? Ou melhor, e para facilitar, o que é que os pais têm feito, e não devem fazer:
Não devem gritar das bancadas dirigindo-se aos árbitros ou aos treinadores
Além de ser um comportamento contrário ao exemplar no contexto desportivo, é uma atitude que dá permissão ao seu filho atleta para fazer o mesmo quando se sentir injustiçado. Além disso, ele irá automaticamente, em todas as situações que seja contrariado, a começar a colocar a culpa do seu insucesso no árbitro, ou no treinador porque, por exemplo, jogou menos tempo. Isto irá incapacitar o atleta de olhar para si, para os seus erros, com o objetivo de melhorar. Visto que os erros são sempre dos outros, ele nunca terá nada para desenvolver.
Não devem falar com os seus filhos durante o jogo, excepto para apoiar
Existe uma pessoa que está a dar indicações táticas e técnicas para dentro de campo, e acredito que com bastante trabalho de casa feito, que é o treinador. Dar indicações deste género ao seu filho atleta, é causar conflito na cabeça dele. Porque provavelmente tem o treinador a dizer uma coisa, e o pai ou mãe a dizer outra. Se quer dizer alguma coisa ao seu filho no decorrer do jogo, que seja para dizer palavras de encorajamento.
Não devem cobrar dos filhos
O pior pesadelo de alguns atletas, é quando, no fim do jogo, têm de "enfrentar" os seus pais. A cobrança é tanta que, a maior preocupação do jogador é não desiludir quem tanto cobra dele.
Encontro muitos atletas com medo de tomar certas iniciativas por receio de falhar, e dos olhares que irão receber da bancada. O foco deles está totalmente desviado, bem como a sua energia, que poderia ser usada para melhorar a performance desportiva. Aconselho aqui também o encorajamento e o apoio.
Não devem criticar outros membros da equipa
Um dos maiores erros que vejo em alguns pais é, ao discutir o jogo com os seus filhos, falar mal do treinador, dos árbitros e dos outros atletas, colegas e adversários do seu filho. Novamente estão a dar permissão ao atleta para achar que tudo está mal menos ele. Provavelmente ele irá desenvolver uma personalidade arrogante, o que no mundo do desporto, ou em qualquer outro, não é previsão de grande sucesso.
Não devem excluir-se do comportamento que os filhos têm dentro de campo
Por último, devem observar os comportamentos dos filhos como uma extensão de si mesmos, e assim participarem ativamente na moldagem das atitudes que o atleta possa estar a ter.
Oiço muitos pais dizerem que o mau comportamento dos filhos dentro de campo é culpa do treinador que faz isto ou aquilo, ou do árbitro que embirrou com ele naquele dia. Qualquer que seja a circunstância, o seu filho atleta deve estar preparado para ter um comportamento exemplar.
Lembrem-se que vocês não são o problema, vocês são a solução. E só será possível que os atletas cresçam, as equipas melhorem e a modalidade desenvolva na totalidade se pudermos contar com vocês!
Sei que podemos!
Até para a semana! :)
Nádia Tavares
Psicóloga - Coach Certificada - Practitioner PNL
Skype: nadia_t33
964407253
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