Portugal nas meias-finais

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altQuando escrevemos à laia de prognóstico que Portugal tinha soluções para estar pelo 2º ano consecutivo nas "meias" do Campeonato da Europa de Sub-20 Femininos, não foi um tiro no escuro.

Sabíamos do valor das comandadas de Eugénio Rodrigues, não menosprezámos os argumentos da congénere de Israel, mas no balanço final tivemos sempre a secreta esperança de que tínhamos condições para discutir o pódio.

Tudo bateu certo, Portugal ganhou com inteiro merecimento (60-54) e entrará amanhã em campo, a partir das 18H45 locais (Ohrid, na Macedónia), menos uma hora no nosso país, para defrontar o vencedor do República Checa-Bulgária, o último dos jogos dos quartos-de-final agendados para hoje (6ª feira).

À hora em que estamos a escrever este comentário, ainda não se iniciou sequer o confronto entre checas e búlgaras, mas já é conhecido outro dos semifinalistas, a Grécia que bateu a Hungria por 55-48. E a 5 minutos do termo do encontro a Suécia também certamente já tinha carimbado o passaporte para seguir em frente, pois vencia a Bélgica por confortáveis 63-43.

Mas não pensem que o triunfo da equipa das quinas foi fácil ou obra do acaso. Não senhor. As nossas representantes tiveram que trabalhar muito, acreditar no valor de cada uma e funcionar em bloco, como um verdadeiro colectivo.

No 1º período (14-13), a nossa equipa só passou para a frente aos 8-6 (minuto 5) através de Michelle Brandão que elevou para 11-8, com o seu único triplo, no minuto 7, após assistência de Inês Faustino. Esta um minuto volvido fez outro passe decisivo, desta vez para a poste Luiana Livulo aumentar a vantagem (13-8), entretanto reduzida para 14-13 à entrada do minuto 10, por intermédio da lançadora Inbar Lev Ron, a acertar também o seu único lançamento do perímetro.   

Do lado israelita a marcadora  de serviço era a jogadora interior Hadar Gutin que liderava a resistência adversária, provocando faltas (8), ganhando ressaltos (8) e marcando cestos. Assim Israel voltou de novo à liderança do marcador aos 16-17 (minuto 14), obrigando Eugénio Rodrigues a pedir o primeiro desconto de tempo no minuto 16 (16-18). Mas Daniela Domingues, com dois cestos consecutivos (18-19 e 20-19), conseguiu a reviravolta momentânea (minuto17), com pronta resposta israelita (um parcial de 0-5) a colocar o resultado em 20-24. Foi altura de o seleccionador luso parar de novo o cronómetro (à entrada do minuto 19), com efeitos práticos, pois Daniela Domingues converteu a sua 1ª bomba da tarde (23-24), com nova assistência de Inês Faustino (4 passes decisivos). Depois de novo arranque israelita (23-28) foi a base da AD Vagos que acertou o seu único triplo (em duas tentativas), reduzindo para 26-28, em cima do intervalo.

Foi no 3º período (18-10) que Portugal deu um safanão ao passar definitivamente para o comando quando Michelle Brandão (3 assistências) assistiu Luiana Livulo para os 33-32 e depois Maria João Andrade recebeu um passe decisivo de Daniela Domingues, elevando para 35-32, tudo no minuto 24. Dois minutos volvidos caiu o 2º triplo da extremo da AD Vagos (40-34), de novo servida pela sua companheira de clube Inês Faustino. A inconformada Gutin (16 pontos) continuava a assumir as despesas por banda de Israel, encurtando a diferença para 1 cesto (40-38), mas as portuguesas reagiram fechando este quarto com 6 pontos à maior (44-38).

No último quarto (16-16) as israelitas ainda conseguiram voltar à diferença de um cesto (48-46), através da base Hagag, no minuto 34, mas o acumular de faltas para travar as nossas representantes (4ª falta da equipa no minuto 36) acabou por possibilitar às pupilas de Eugénio Rodrigues que tivessem a partida controlada, jogando nitidamente com esse objectivo de provocar faltas. Basta dizer que dos últimos 12 pontos conseguidos por Portugal, a partir dos 48-46, 8 foram alcançados da linha de lance livre. Nesse período de 7 minutos a selecção lusa beneficiou de 7 idas à linha de lance livre (14 tentativas), tendo falhado 6, o que noutro cenário de jogo mais apertado, poderia trazer amargos de boca. A experiência de Michelle Brandão voltou a ser decisiva nessa ponta final, ao provocar 4 das 5 faltas conseguidas ao longo do encontro. As israelitas tentaram o tudo por tudo, arriscando no tiro exterior (4 triplos falhados no último minuto), e fazendo faltas rápidas para parar o cronómetro, mas Portugal, com serenidade e confiança, não permitiu o volte-face.

«Sabemos que a meia-final vai ser muito difícil, mas vamos continuar a dar o máximo como até aqui», garantiu o seleccionador Eugénio Rodrigues, no final do jogo.

Destaque na selecção portuguesa para a MVP da partida (26,5 de valorização), Daniela Domingues, que fez um duplo-duplo (12 pontos, 2/4 nos triplos, 16 ressaltos sendo 7 ofensivos, duas assistências, 2 roubos, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas), tudo isto em 37 minutos de utilização. Mas voltou a ser muito bem acompanhada por Luiana Livulo (12 pontos, 8 ressaltos sendo 1 ofensivo, 1 roubo, 3 desarmes de lançamento e 4 faltas provocadas, com 4/4 nos lances livres) e Michelle Brandão, melhor marcadora do encontro a par da israelita Gutin (16 pontos, 2 ressaltos defensivos, 3 assistências, 1 roubo e 5 faltas provocadas, com 7/10 da linha de lance livre). Inês Faustino voltou a ter papel decisivo na organização de jogo (4 pontos, 1/2 nos triplos, 4 assistências e duas faltas provocadas).

Na equipa de Israel a mais valiosa e inconformada foi Hadar Gutin (17,5 de valorização) ao contabilizar 16 pontos, 8 ressaltos sendo 1 ofensivo, 1 roubo e 8 faltas provocadas, com 6/8 nos lances livres. Foi bem secundada por Inbar Lev Ron (9 pontos,1 triplo e 2 ressaltos defensivos), Eloisa Katz (9 pontos, 5 ressaltos sendo 2 ofensivos e duas assistências) e Daniel Hagag (10 pontos, 2 ressaltos defensivos, duas assistências e 2 roubos). Quem passou ao lado do jogo foi Bar Galinski, a mais credenciada da equipa, que só conseguiu marcar 2 pontos em 29 minutos de utilização, em 12 tentativas de lançamento.

Em termos globais, Portugal assentou o seu merecido triunfo no facto de ter ganho as tabelas (46-35 ressaltos), tanto na tabela defensiva (29-26) como na ofensiva (17-9), o que foi fundamental porque lhe garantiu mais posses de bola. Foi mais colectivo (10-7 assistências), roubou mais bolas (9-7 roubos) e conseguiu mais desarmes de lançamento (5-2), onde Luiana esteve em grande com 3 abafos. Provocou ainda mais faltas (18-15) e foi mais certeiro nos tiros do perímetro (28%-22%), com 5 triplos em 18 tentados contra apenas 2 em 9 tentativas.

Israel teve melhor eficácia no duplos (35%-41%) enquanto nos erros cometidos houve equilíbrio (15 turnovers para cada lado).

Ficha do jogo

Portugal (60) - Michelle Brandão (16), Maria João Correia (9), Daniela Domingues (12), Maria João Andrade (7) e Luiana Livulo (12); Inês Faustino (4), Telma Fernandes, Filipa Bernardeco e Joana Cruz

Israel (54) - Daniel Hagag (10), Mayan Levy (3), Inbar Lev Ron (9), Bar Galinski (2) e Hadar Gutin (16); Shira Shecht (3), Eloisa Katz (9) e Yarden Gutt (2)

Por períodos: 14-13, 12-15, 18-10, 16-16

Árbitros:
Marc Hesters (Bélgica), Maria Argirou (Grécia) e Timo Suslov (Estónia)

 

 
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