Contributos da competição na formação de jogadores

Versão para impressão
Avaliação: / 5
FracoBom 

altPara a evolução do jogador há que considerar três factores: treino, competição e avaliação. Quando se falha em qualquer destas situações não há progresso.

Neste artigo vamos procurar abordar a importância da competição no desenvolvimento das capacidades técnicas, tácticas, físicas e mentais dos praticantes.

Na competição os atletas aplicam aquilo que aprendem nos treinos e dão a oportunidade de avaliação do trabalho desenvolvido e da distância que é preciso percorrer para alcançar as metas propostas.

Trata-se de uma situação extremamente favorável à intervenção pedagógica do treinador nas sessões de treino subsequentes. Estabelece-se aqui uma relação directa e visível entre aquilo que se faz e aquilo que se ensina.

Esta competição deve ser adequada às capacidades dos praticantes e ajustada à transformação que se pretende.

Valor da competição

A simples aquisição de habilidades técnicas não chega para formar jogadores; é necessário experimentar a competição para elevar o nível do jogo e verificar a sua capacidade de adaptação a um novo contexto. Podemos, portanto, concluir que a competição deve ser considerada como ponto de partida e entender que não é possível formar jogadores sem experiências competitivas relacionadas com a aprendizagem. É importante fazer interagir o treino com a competição e testar a consolidação das aprendizagens em situações de stress e pressão.

Dissociar a aquisição da técnica da competição é condenar a formação ao fracasso. Pensar depressa e jogar rápido é fundamental no basquetebol de alto nível; aqui, somos obrigados a tomar decisões rápidas, coerentes com a acção colectiva, em situações de informação incompleta.

Só um quadro competitivo adequado às circunstâncias põe aos praticantes este tipo de problemas que no processo de ensino deve ir evoluindo para criar situações de maiores constrangimentos na sua evolução.

Para que serve participar numa competição cujo nível asséptico não favorece a aprendizagem por que não apresentam problemas que obriguem a procurar soluções?

Por isso é importante fazer com que os praticantes evoluam em quadros competitivos adequados aonde todo o erro é penalizado e tem efeitos imediatos. Aqui, o desafio é constante e neste contexto de dificuldade é normal uma aceleração das aprendizagens técnicas. Por outro lado, é na competição que se revela o espírito competitivo dos atletas.

A intervenção pedagógica do treinador


É a competição que fornece ao treinador os elementos que vão servir de base ao ensino e orientação metodológica da aprendizagem. Adquirir novos automatismos ou fazer novas adaptações requer muito tempo. Compete ao treinador dar ao atleta o “feedback” das acções realizadas, aproveitando a experiência necessária do erro para corrigir de forma positiva sem deixar de cuidar do que é mais essencial na forma como se transmite essa informação.

Toda a intervenção do treinador deve ter um significado concreto, ou seja, estabelecer uma relação directa entre as correcções e a melhoria dos resultados que progressivamente vão sendo obtidos.

E, ter sempre presente aquilo que caracteriza o basquetebol de alto nível – agressividade a todo o momento, jogar em todo o campo e tempos de execução rápidos. Por isso, há que simplificar o jogo, criar espaços, aperfeiçoar a técnica do 1x1 e não perder tempo em exercícios complexos que não têm qualquer relação com o jogo.

Nota final

A observação do último Europeu Sub-18 Masculino foi o mote para este artigo. De facto tivemos oportunidade de verificar que os quadros competitivos vivenciados pela maioria dos jogadores das outras selecções tinha graus de dificuldade muito superiores aqueles que os atletas nacionais disputaram nos seus clubes.