Hugo Sousa pede Time Out

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altO Lousada Académico Clube é talvez a equipa mais surpreendente em Portugal esta época. Depois de ter conquistado o título da 2ª divisão feminina na temporada transacta, que valeu a subida à 1ª divisão, a equipa liderada por Hugo Sousa segue no segundo lugar desta prova, somando até ao momento um recorde de 13 vitórias e apenas 2 derrotas.
 
Venha conhecer Hugo Sousa, o homem que comanda o conjunto do Lousada e um dos responsáveis pelos seus recentes sucessos.
 
 
Em termos competitivos como compara a 2ª Divisão Feminina com a 1ª Divisão Feminina?
Na 1ª Divisão a competição é acesa, com jogos muito disputados e equilibrados. Não se pode dizer que existam equipas mais fracas, mesmo as que seguem na cauda da classificação são sempre incómodas. Neste campeonato não tem havido descanso, em todos os fins-de-semana há um novo desafio, em que temos que dar sempre o máximo para conseguir vencer. Esta situação é excelente para a preparação da equipa e para evolução das jogadoras. Acrescentando a isto, julgo que este campeonato é o espaço ideal para a projecção e evolução das jovens jogadoras portuguesas, ao contrário da Liga onde as estrangeiras e a capacidade de investimento definem as equipas que vão disputar os primeiros lugares.
 
Na 2ª Divisão, devido fundamentalmente à estruturação por zonas, na época passada disputámos, até à fase final, cerca de 4 jogos equilibrados, o que como é compreensível não é o mais atractivo para a equipa e para os seguidores da modalidade. Na Fase Final, aí sim, disputámos 3 jogos intensos e competitivos, para os quais tínhamos efectuado uma boa preparação e apresentámo-nos num bom momento, assim, julgo que a conquista do Título de Campeão Nacional da 2ª Divisão foi inteiramente justa.
 
Esperava que esta época lhe estivesse a correr tão bem, depois da subida na época passada?
Esta época era para nós uma incógnita. Tentámos e efectuámos a melhor preparação que nos foi possível, para um novo quadro de equipas e uma nova exigência competitiva. O nosso objectivo inicial era entrar no Play-Off. Neste momento, estamos bem encaminhados e tudo o que conseguirmos, para além disto, será bem-vindo.
 
Quais são as principais razões para o sucesso do Lousada na 1ª Div. Feminina?
Acredito numa boa preparação e no treino de qualidade. É isso que procuramos efectuar nas sessões semanais. A qualidade das atletas, a sua capacidade de trabalho, dedicação, motivação e superação também têm sido fundamentais. Todos estes factores conjugados têm dado felizmente os seus frutos.
 
Quais são, na sua opinião, os grandes candidatos a subir à Liga Feminina? Porquê?
Pelo que tenho observado e pela actual classificação o A.D.E. Sintra é um sério candidato, pela qualidade do seu grupo de jogadoras e pelo nível de jogo que tem apresentado.
 
Encontramo-nos no 2º lugar com 13 vitórias em 15 jornadas, daí, neste momento, não podermos negar que nos encontramos no lote de candidatos. A este, temos que juntar o Quinta dos Lombos, que parece ter feito um bom investimento na aquisição de jogadoras. Depois temos os crónicos candidatos: Coimbrões, Aroso, Académico, Marítimo... Julgo que todas as equipas que entrarem no Play-Off serão candidatas, o equilíbrio tem sido grande e no Play-Off os detalhes poderão decidir os vencedores, assim como alguns investimentos extra em jogadoras estrangeiras ou na troca de algumas, que poderão ser feitos pelas equipas com maior capacidade financeira.
 
Acha que o seu clube pode assumir uma subida e “aguentar-se” na Liga Feminina?
Neste momento as preocupações do Lousada A.C. passam por continuar a efectuar uma boa época e disputar o campeonato com a máxima ambição, sendo o mais competitivo possível. Se o quadro de uma possível subida à Liga se vier a colocar, seria imperioso assegurar um suporte financeiro extra, que não sei se será fácil de concretizar.
 
Que jogadoras Portuguesas se vêm distinguindo nesta competição?
Entre as mais jovens, todas ainda com idade de Júnior, destaco no Lousada a Nanci Barbosa (que na minha opinião tem efectuado uma época de grande nível, à imagem de 2007/08), as irmãs Bernadeco e a Natacha do Sintra, a Sílvia do Académico, Marcy Gonçalves e Carolina Escórcio do Marítimo.
 
Entre as mais experientes Sofia Coelho, Cristina C. e Ana Maria C. do Lousada, Carla Ribeiro do Coimbrões, Ana Paula e Ana Costa do Aroso, A. Bailão e Andreia Coelho do Quinta dos Lombos, Ana Costa da Ovarense.
 
Existem diferenças entre treinar e lidar com raparigas e com rapazes?
A grande diferença está no perfil psicológico e na forma de combater a adversidade. Não consigo dizer se a vantagem está do lado dos rapazes ou raparigas, o que posso assegurar é que constitui um grande desafio para um Treinador, como eu, em que a sua experiência era no sector masculino, adaptar-se e encontrar a correcta intervenção e liderança com um grupo feminino.
 
Qual é o seu modelo de jogo?
Procuro que o nosso jogo se baseie sempre na capacidade defensiva, desenvolvendo-se a partir da defesa com transições rápidas. Em função do conhecimento do adversário, por vezes, preparamos situações defensivas específicas.
 
Na minha opinião, o grande investimento do treino deve ser na defesa, pois é aí que o sucesso e auto-motivação da equipa residem.
 
Ofensivamente, não sou adepto de sistemas tácticos elaborados, procuramos movimentos simples e colectivos, que impliquem a leitura de jogo e que possam, pontualmente, explorar uma ou outra jogadora mais forte em determinada acção.
 
Em que acredita enquanto treinador, Hugo Sousa?
Acredito, como disse, na qualidade e seriedade com que se efectua a preparação das equipas. Nós Treinadores temos o privilegio de poder moldar uma equipa à nossa imagem, de acordo com os nossos princípios e forma de ver o Basket, mas, por outro lado, temos o dever de responder às necessidades e carências dos nossos atletas, de modo a que se tornem melhores jogadores e que a sua prestação seja máxima no seio da equipa.
 
Acha que o site Planeta Basket promove bem a competição onde a sua equipa participa? O que se pode melhorar?
Tem sido óptima a promoção que o Planeta Basket tem efectuado à 1ª Divisão, especialmente através das crónicas semanais do João Santos e das entrevistas a jogadoras e treinadores. Nunca é demais a visibilidade ao Basquetebol Feminino, que infelizmente é frequentemente esquecido e menosprezado, quando na verdade há muito e bom trabalho efectuado.
 
A apresentação dos dados estatísticos dos jogos da 1ª Divisão será outra forma de promoção da competição e das atletas, que julgo não ser difícil de compilar, com a colaboração e boa vontade dos vários clubes.

 

 
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