Se a divisão administrativa e geográfica em torno do conceito distrito já não faz sentido, como poderá então ser reorganizada a divisão geográfica e administrativa do basquetebol nacional.
Como já referi no artigo as novas fronteiras a questão de fundo é saber:
- Como é que, com os mesmos recursos poderemos obter melhores resultados, expressos em mais clubes, mais praticantes, mais prática e conquista de mais apoios contribuindo para o desenvolvimento do basquetebol.
Para podermos responder à pergunta anterior penso que teremos de saber responder às seguintes perguntas:Onde é que há basquetebol no país? Onde é já houve basquetebol nos últimos 20 anos? E finalmente onde é que nós queremos que haja basquetebol?
A primeira pergunta é fácil de responder.
A segunda pergunta pode dar trabalho, mas é apenas uma questão de recolher dados.
A terceira pergunta já implica uma visão e tomadas de decisão e a meu ver deve ser respondida em função de três factores:
- O demográfico, fazer o levantamento dos concelhos com mais de 15.000 habitantes
- O da proximidade geográfica dos locais onde já existe o basquetebol.
- O da organização desportiva.
O factor demográfico
Por hoje vou-me ficar pelo factor demográfico. Quando assumi as funções de responsável pelo minibásquete tive um sonho que seria a existência de pelo menos um núcleo de minibásquete em cada concelho do país. Em simultâneo também quis saber quantas eram as crianças deste país com idade de jogarem minibásquete e onde é que as mesmas habitavam. Em números redondos fiquei a saber que em 2000 existiam em Portugal mais de 860.000 crianças entre os 6 e os 12 anos, mais ou menos, 8,6% da população do país. Como fiz o levantamento por concelho fiquei também a perceber o que era um concelho envelhecido e o que era um concelho rejuvenescido. Quando esta percentagem era inferior, como nalguns concelhos em que nem sequer chegava aos 6% estávamos perante um concelho envelhecido, quando esta percentagem se aproximava ou ultrapassava os 10% estávamos perante um concelho rejuvenescido. Nesse momento compreendi que o meu sonho não fazia muito sentido, porque existiam concelhos com muito poucos habitantes, menos de dois mil e quase sem crianças. Por exemplo Barrancos, um concelho claramente envelhecido tinha no ano 2000, 126 crianças, rapazes e raparigas dos 6 aos 12 anos. Ou seja se quisesse fazer no concelho um núcleo de mini com uma equipa por escalão Mini-12, Mini-10 e Mini-8 em masculinos e femininos, necessitaria que quase todas as crianças de Barrancos jogassem minibásquete.
Face a esta realidade compreendi que a minha ideia era mesmo um sonho e que se deveria apostar preferencialmente em concelhos que tivessem, como Reguengos de Monsaraz no mínimo 10.000 habitantes e no aumento de clubes nos concelhos com muitos habitantes.
Em Portugal existem 308 municípios, sendo 279 no Continente, 11 na Madeira e 18 nos Açores. Destes mais de um terço, 110 concelhos, têm menos de 10 mil habitantes (93 localizados no Continente, 12 nos Açores e 5 na Madeira). Cerca de metade (53) destes municípios tem menos de 5 mil habitantes.
Para compreender o impacto do que afirmei no artigo, anterior, se tivéssemos um clube como o ASC/BVRM Terras d´el Rei por cada concelho com mais de 10.000 habitantes, tínhamos pelo país inteiro 198 clubes a movimentar mais de 150 praticantes, que só por si representariam 30.000 praticantes.
Se queremos expandir geograficamente e aumentar o número de praticantes, do ponto de vista demográfico há dois factores que devem ser um objectivo estratégico do universo do basquetebol:
- Em termos de expansão territorial conseguir um clube com a dinâmica no minibásquete e escalões seguintes como o ASC/BVRM em concelhos como mais de 10.000 habitantes;
- Em termos de crescimento conseguir que regiões de grande densidade populacional e muitos jovens, como Braga e Lisboa, (onde actualmente existe uma boa dinâmica no minibásquete, que poderá contribuir para este desígnio), saiam da cauda do país no que diz respeito ao número de praticantes por habitantes.