Encarar projectos com dedicação

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altNão é fácil encontrar um técnico de desporto duma autarquia, tão dedicado, empenhado e com tanta sensibilidade para compreender em que medida os eventos organizados pelas federações devem trazer mais-valias para os munícipes. Conheci-o durante num evento de minibásquete associado à Final a 8 que decorreu em Paços de Ferreira em 2006.
 
Desde aí o basquetebol do Juventude Pacense cresceu e esta autarquia passou a ser um pólo de eventos de minibásquete como o Jamboree Nacional, o Fórum do Minibáquete e bem recentemente um evento de minibáquete integrado no programa da Fase Final do Campeonato Nacional de Basquetebol de Sub-18. Leia esta entrevista e venha conhecer uma personalidade fascinante um verdadeiro homem dos sete ofícios que já se tornou num elemento da família do minibásquete, pois a título voluntário e benévolo, apesar dos seus muitos afazeres, já participou em muitas iniciativas do CNMB. Venha conhecer Armindo Calção.
 
Comecemos pelo evento mais recente. Do ponto de vista organizativo como decorreu a Fase Final do Campeonato Nacional de Sub-18?
Tudo decorreu como estava previsto. As quatro equipas colaboraram para o êxito do evento e as coisas acabaram por naturalmente funcionar, claro que sempre com a boa colaboração existente entre a organização local e o Staff da Associação de Basquetebol do Porto. Acrescentamos a este evento um Convívio de Minibásquete, onde se promoveu da parte da manhã do dia 29 uma acção com as escolas do primeiro ciclo e da parte da tarde um torneio com equipas convidadas, que se revelou um êxito.
 
Não havendo nenhum clube do concelho envolvido nesta competição, quais foram as mais-valias que este evento trouxe para a autarquia?
A Autarquia, pelo seu historial na realização de eventos desportivos, aposta na concretização destas acções para tentar cada vez mais dinamizar as modalidades e consequentemente demonstrar aos clubes que as detêm, que está ao seu lado na promoção e desenvolvimento destas práticas, trazendo para o nosso Concelho, boas amostras de como se praticam estas modalidades a um nível mais competitivo. Penso que só assim todos os munícipes saem a ganhar.
 
Como é que funciona a vossa cooperação entre a Câmara e a Associação de Basquetebol do Porto?
A ligação da nossa Autarquia com a Associação de Basquetebol do Porto já vem de alguns anos e pode-se classificar de excelente relação. É uma Associação que se distingue de muitas outras pela humildade dos seus dirigentes e pela noção exacta do esforço que as Câmaras Municipais fazem para que estes eventos se realizem. É a primeira a abdicar de proveitos próprios em troca de melhores condições para os outros e não precisa de se colocar em bicos de pés para demonstrar toda a sua qualidade organizativa e de relacionamento com todas as instituições com quem faz as parcerias.
 
Agora indo um pouco mais atrás, qual foi a evolução do basquetebol em Paços de Ferreira desde a realização da Final a 8 da Taça de Portugal?
Foi muito importante a realização dessa competição, embora já tivéssemos em anos anteriores trazido para Paços de Ferreira boas competições de basquetebol incluindo uma final da Taça de Portugal, nessa altura só a quatro. Cada vez mais, se associarmos a estes eventos, iniciativas que envolvam os mais novos, promoveremos as modalidades e traremos gente para a sua prática. Não haja dúvida que se o Juventude Pacense tem neste momento, no basquetebol, cerca de 140 atletas federados, muito deve a esse evento.
 
Sendo um técnico experiente e com um curriculum invejável de envolvimento em vários eventos de várias federações, queres-nos falar um pouco da tua experiência, e dar-nos a tua visão do que deve ser a cooperação entre as Federações e as Câmaras?
A realização de eventos desportivos realizados pelas Autarquias, têm muito a ver com a conjectura do momento Há alturas em que as apostas estão mais viradas para fora como aconteceu nos finais dos anos 90, princípios de 2000, onde apostamos em eventos de grande impacto mediático, como por exemplo o Europeu de Hóquei Patins Masculino, ou o Mundial de Hóquei Patins Feminino e outras onde nos viramos mais para dentro, como são exemplo os Jogos Concelhios, onde envolvemos cerca de dois mil munícipes não federados e os colocamos a praticar variadíssimas modalidades. Actualmente as Federações já se aperceberam que as Autarquias não nadam em dinheiro e reduziram substancialmente os seus cadernos de encargos e só assim possibilitam que as Câmaras Municipais voltem a apostar em iniciativas de maior vulto. De qualquer modo, posso considerar que a Autarquia Pacense tem sido privilegiada nas relações com todas as Federações e Associações, também por mérito próprio conseguido através do êxito dos seus eventos.
 
Sabemos que a experiência do jamboree em Paços de Ferreira te marcou de tal maneira que acabaste por te envolver no movimento do minibásquete de forma a seres neste momento um elemento da família que organiza os jamborees. Qual a tua opinião sobre a dinâmica do minibásquete em Paços de Ferreira e no país?
Quando se fala de minibasquete aí a coisa muda de figura, o Armindo Calção despe o fato de funcionário do serviço do público, para vestir o fato de treino e a realização muito pessoal em lidar com miúdos de tão tenra idade vem ao de cima. A organização do Jamboree colocou-me por dentro dessa realidade tão especial do minibasquete e sem querer fiquei envolvido até emocionalmente com todo o grupo, quer de miúdos intervenientes, quer das pessoas que fazem com que eles se soltem e participem nestas realizações. O minibasquete e os Jamborees, ultrapassam e muito os conceitos de prática desportiva, é muito mais do que isso, considero mesmo uma forma de estar na vida e comungar todos os bons princípios com aqueles que nos rodeiam, independentemente da sua religião, cor, nacionalidade, clube, etc. Considero mesmo que, este tipo de iniciativas deviam ser um acto cívico pelo qual todos devíamos passar, pois não há idade para se aprender e eu nestes últimos tempos aprendi muito com esta convivência. Claro que tudo isto não acontece por acaso e há sempre algo que nos faz aproximar destas coisas. No meu caso, tive o privilégio de conhecer um Homem, fascinante de princípios e de amor por tudo quanto o rodeia. Esse Homem, que teimo em escrever com um H bem maiúsculo, é o protótipo de pessoa que todas as Federações deviam ter, pois a sua dedicação nos escalões de tão tenra formação, atraem de uma forma quase irrecusável as crianças para a prática desportiva e fundamentalmente para a formação destes miúdos enquanto seres humanos. Não quero aqui deixar nenhum recado, mas é bom que a Federação de Basquetebol se preocupe em manter pessoas deste quilate nos seus quadros, que servem como alicerces de betão para toda a prática desportiva e formação humana. Esse homem chama-se San Payo Araújo e é o responsável por todo este meu envolvimento no minibásquete. Com ele estarei sempre ao dispor para que o pouco que sei possa colocar ao dispor da comunidade.
 
O teu envolvimento no minibásquete conduziu a que tivesses escrito o último diário do jamboree realizado em Cerveira publicado neste site. Qual a tua opinião sobre o Planeta Basket?
Considero o Planeta Basket um suporte determinante para que este fenómeno que temos visto de desenvolvimento desta área de formação esteja a ser um êxito. São este tipo de iniciativas sérias que credibilizam o trabalho que se faz no terreno e que ajudam a levar a todos quantos não estão presentes nos eventos, as realidades que lá se vivem, com testemunhos que se revelam essenciais para que o êxito seja uma realidade. Gostei muito da experiência de ter colaborado e estarei sempre ao dispor de iniciativas deste género.
 
Falemos um pouco de ti, em termos desportivos quais são os teus sonhos, para o teu concelho e para o país?
Sinto-me uma pessoa privilegiada por desempenhar funções que me realizam profissionalmente e assim me dedicar de alma e coração a tudo o que me envolvo. O desporto sempre foi para mim o grande fascínio, não só a prática, mas também o envolvimento indirecto, como por exemplo o jornalismo desportivo, actividade que exerço paralelamente e que muito me completa. Os meus desejos não deixam de ser comuns, mas gostaria que cada vez mais o meu Concelho e o meu País encarassem e se preocupasse cada vez mais com a formação desportiva, pois é nela que estão comprovadamente todos os bons princípios na formação das pessoas para encararem a sociedade de uma forma cada vez mais integrada e humanamente adaptada a um mundo que teima em perder conceitos morais em favor de conceitos materiais.
 
Para finalizar que pergunta gostaria que te fizessem e que resposta darias?
Não queria que me fizessem nenhuma pergunta em concreto, mas sinto que para finalizar devo deixar aqui uma observação, que sendo muito pessoal, serve de base a tudo o que até hoje fiz de bom se é que o fiz. A família é a grande base de sustentação para todos estes projectos de que falamos e sinto que a minha forma tão abnegada de estar nas coisas, por vezes até um pouco exagerada no meu envolvimento pessoal se deve quase na totalidade à compreensão que tive dos meus filhos e da minha companheira de 22 anos que tive de casado, pois foi a sua compreensão e a desculpa de tanta ausência que me permitiu encarar todos estes projectos com tanta dedicação. As minhas desculpas para eles.

 

 
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