Dez anos que mudaram o minibásquete

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altNão há dúvidas que as preocupações com o minibásquete aumentaram exponencialmente no universo do basquetebol.

Não há dúvidas que muita gente fala e preocupa-se com os caminhos para o minibásquete. Bem recentemente, San Payo Araújo em representação de Portugal no “6º Get Together U-14 and Minibasket” da Fiba Europa, que decorreu na Hungria em Budapeste, teve a possibilidade, de conhecer mais a fundo, o que se vai fazendo nestes escalões um pouco por essa Europa fora. Esse facto e a para breve tomada de posse da nova equipa do CNMB, são motivos, mais do que suficientes, para entrevistarmos de novo San Payo Araújo o grande dinamizador do minibásquete em Portugal na última década.


Comecemos pela tua recente ida a Budapeste, como decorreu esta acção?
A regularidade com que tenho ido a este evento traz sem dúvida grandes vantagens. Há dirigentes e técnicos com quem vamos ganhando familiaridade e que nos abrem mais facilmente portas a outras perspectivas. Citando apenas um exemplo desses contactos fui convidado pelo Vice-Presidente Alberto Gomez e pelo técnico José Silva da Federação Espanhola de Basquetebol a estar presente para o próximo ano em Collell. Collell é um nome mítico para qualquer mini em Espanha, que sonha chegar a uma selecção jovem do país vizinho, pois é o primeiro momento onde é feita através duma selecção alargada, decorrente da Festa do Minibásquete, a primeira avaliação dos jogadores masculinos e femininos, que nos anos seguintes irão constituir as selecções espanholas de Sub-13 e Sub-14.

Soubemos que à semelhança de Freising-Munique voltaste a ter uma intervenção no Clinic deste Get Together.
Em Freising-Munique, muito por influência e prestígio, que o Prof. Manuel Fernandes goza na Fiba-Europa, fui convidado pela Federação Alemã para a ter uma intervenção no Clinic do 4º Get Together. A partir desse momento tenho tido alguns convites. Desta vez, já na Hungria foi feito o desafio a vários treinadores para terem uma intervenção prática no último dia. Aceitei o desafio razão pela qual também intervim no Clinic deste ano.

O facto de te expressares em várias línguas inglês, alemão, francês e um pouco de italiano facilita-te o contacto com os responsáveis de outros países com quem falaste. O que é que procuraste saber?
Como referi, o facto de ser a quarta vez que vou a este evento tem facilitado muito os contactos. Para além de conhecer caras novas, este ano revi, entre outros conhecidos destas andanças, como os já mencionados Alberto Gomez e José Silva de Espanha, Maurício Cremonini de Itália, Sacha Dieterich da Alemanha,  Pierre Andreeta da Suiça e outros. Durante o evento o tempo livre é escasso, mas mesmo assim ainda consegui perguntar a vários países como é que estão organizadas as suas competições e em que escalões existem campeonatos nacionais. Mas este é um assunto que irei no futuro abordar com artigos de informação a serem publicados aqui na minha colaboração do Planetabasket.

Mudando de tema, agora que uma nova equipa do CNMB vai tomar posse, que balanço fazes de 10 anos de trabalho no minibásquete?
Quando me fazem essa pergunta costumo dar o seguinte exemplo, quem vê uma pessoa todos os dias ou ano após ano tem a tendência a considerar que está tudo na mesma. Na realidade quando nos cruzamos várias vezes com a mesma pessoa não verificamos as diferenças. Mas se pegarmos numa fotografia de alguém de há dez anos e a seguir olharmos para uma fotografia actual da mesma pessoa verificamos que as diferenças são normalmente grandes e profundas. Com o minibásquete passa-se exactamente o mesmo. Se eu relatar o que era o mini há dez anos e fizer uma fotografia actual, as diferenças também são enormes.

Queres então fazer a fotografia de há dez anos?
Resumidamente e tentando tocar no essencial há dez anos a FPB tinha cerca de 6.000 mil minis inscritos, dos quais mais de 50 por cento não tinham prática. Não havia formação para treinadores de minibásquete. A prática para os restantes 50% era reduzida e começava normalmente nos meses de Fevereiro ou Março, depois dos campeonatos distritais das Associações estarem resolvidos e como forma de preparação das equipas de iniciados para a época seguinte. O mini estava dividido em dois escalões Mini B (SUB-12) e Mini A (Sub-10) e não havia nenhuma actividade ou evento para o mini promovidos pela FPB. Esta era a realidade do universo do mini há dez anos atrás. Quando cheguei à FPB.

Queres-nos dizer quais foram as transformações que se verificaram na última década?
Não é fácil resumir em poucas palavras tudo o que foi feito e as transformações de uma década até porque que estas se passam em diferentes níveis que tentarei sistematizar as que considero mais importantes.

A FPB tem neste momento mais de 9000 minis inscritos, que tem prática regular. Houve uma clarificação dos escalões. Houve a criação do ponto de vista administrativo do animador de minibásquete e este sector da captação e fomento da Federação passou a estar dividido em Mini-12, Mini-10 e Mini-8.

Foi aqui que se deu o maior salto no minibásquete. Em 2000 ano de reactivação do CNMB a FPB começou por ter no plano de actividades 3 eventos por ano entre os quais um jamboree. Actualmente tem mais de 8 actividades por ano e realiza por época 2 jamborees. Todas as Associações começaram a promover actividades e os clubes grandes obreiros deste movimento organizam quantitativamente e qualitativamente mais eventos e actividades dirigidas ao minibásquete, no final da época não raras vezes a oferta é tão grande que os clubes tem dificuldade em optar em que evento vão participar. Para obviar esta situação é cada vez mais necessário coordenar e articular a divulgação dos múltiplos eventos.

O nível 1 do curso de treinadores passou a incorporar um bloco de 6 horas destinadas ao minibásquete. Na proposta de estrutuação do conteúdos do curso de treinador Grau 1 o minibásquete assume uma enorme importância com 50 horas atribuídas. Apesar de já ter estado em todas as Associações e de já realizado mais de 300 acções de formação e dinamização em todos os distritos do país, percorrendo 121 concelhos ao fim de 10 anos, continuo a ter muitas solicitações de acções de formação.

Em termos de formação o minbásquete está na ordem do dia como comprovam os diversos clinics deste princípio de época organizados pela AB de Lisboa, Porto e Leiria, o que há dez anos atrás seria perfeitamente impensável.

Com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa foram editadas as regras e o manual da arbitragem de minibásquete e produzidos pelo QUERU, patrocinador do minibásquete os cartazes com os fundamentos do jogo. O projecto das Escolas Portuguesas de Minibás quete, apesar de alguns problemas com a distribuição de bolas, tem crescido ano após ano.

Que transformações provocou este crescimento do mini no basquetebol?
Se considerarmos que vivemos numa época de crise que provocou um grande desinvestimento a nível dos clubes com o consequente desaparecimento da liga profissional e uma considerável redução de clubes de seniores na CNB2, só não é surpreendente o crescimento do escalão de Sub-14, à luz da dinâmica de crescimento e desenvolvimento do universo do minibásquete. No ano de 2000 o Torneio Nacional de Sub-14 era apenas para o escalão masculino, não tinha uma fase final a nível nacional envolvia apenas 16 clubes em todo o país. Actualmente este escalão envolve competições a nível masculino e feminino. Ambas as competições têm fases finais nacionais com a participação dos clubes representantes dos Açores e da Madeira e envolve nível nacional para além dos representantes das regiões autónomas 72 clubes. Estes são factos incontornáveis.

O que é que pensa do futuro do minibásquete?
A nova direcção do Federação está atenta à importância do minibásquete vai designar um Vice-Presidente para ser o elo de ligação com o CNMB, e lançou no seu programa eleitoral duas novas iniciativas que se tiverem um bom apoio do marketing poderão ser coroadas de sucesso, que são o “Dia do Minibásquete” a realizar em simultâneo, no dia 10 de Junho por todas as Associações do país e a “Festa do Minibásquete” em Paços de Ferreira – Torneio entre as Associações para o escalão de Mini-12. Para além destes eventos foi criada uma nova equipa do CNMB, liderada pelo Mário Batista. Esta equipa está fortemente motivada, até porque o sector técnico do CNMB foi reforçado com o Sérgio Rosmaninho, pelo que existem condições, mesmo em tempo de crise, para fazer mais e melhor.

O que pensas do Planeta Basket?
É para mim um privilégio ter a possibilidade, através da minha colaboração, ter um espaço de excelência de divulgação do basquetebol com o qual me identifico, para difundir o minibásquete. Se nestes anos não tivesse acontecido mais nada, há uma coisa que não tenho dúvidas, as preocupações como o minibásquete aumentaram exponencialmente e o Planetabasket deu certamente um forte contributo a essa realidade.

 

Comentários 

 
+2 #4 António Lopes 15-12-2010 07:01
Assisti à chegada do San Payo Araújo à FPB, acompanhando-o a pari passu, por dentro, o primeiro ano da sua actividade, talvez dois anos. Vi chegar à FPB a paixão, a generosidade, a entrega, mas também muita competência e clarividência. Também vi chegar, sobretudo, a simplicidade e a humildade em pessoa e processos. O seu palco preferido é o campo, o terreno, o contacto humano, onde o minibásquete acontece. Os outros palcos, o das cerimónias e camarotes, onde também sabe estar, são meras etapas e meios para engrandecer o minibásquete. Honra a memória do pai do minibásquete em Portugal, o tio dele, o saudoso Mário Lemos. Deus guarde a paixão do San Payo Araújo.
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+2 #3 Armindo Calção 07-12-2010 12:52
Como sempre, os meus comentários chegam sempre tarde, apenas e só porque não vou ao site tantas vezes quantas desejaria. Assim, resta-me apenas constactar o que já é inevitável...Um dia eu disse-te que agora já não adiantava queres sair, já não conseguias porque nós todos do Minibasket não íamos deixar. Afinal parece que pelo menos uma vez a minha profecia bateu certo. Vais ter de levar connosco mais uns aninhos. Abraço Grande do amigo que sabes sempre onde mora...
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+1 #2 Ana Pinto 28-11-2010 01:16
Muitos Parabéns San Payo.
Mais uma vez um reconhecimento merecido!
Felicidades nesta nova etapa no qual tenho orgulho de fazer parte.
Obrigada por fazer parte da minha evolução como pessoa e treinadora.
Beijinhos
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+1 #1 mario batista 27-11-2010 00:10
Excelente entrevista ao maior Obreiro do Minibasquete,os meus parabens ao San Payo Aaujo pelo esforço,dedicaç ão e carinho como têm tratado o Mini durante estes dez anos,é para mim um orgukho ter conhecido este belo ser humano e puder colaborar com ele neste novo comite
Um Grande Abraço
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