No último artigo falei do que no MatchUp não foi falado e que eu gostaria que tivesse sido falado. Hoje vou abordar o que foi dito, nomeadamente pelo orador que mais me impressionou.
Pela sua clareza, audácia e coragem de por os pontos nos is, a intervenção que mais me deixou a pensar e refletir foi a intervenção de José Violante. Entre outras ideias, afirmou que os clubes e a FPB, se querem ter uma competição melhor, tem de definir claramente o que querem.
José Violante afirmou que os números não mentem e para se conseguir uma competição mais credível é necessário saber quanto é que esta custa, e como poderá ser financiada. Para isso é necessário, que os clubes estejam predispostos a fazer um levantamento, clube por clube, quanto é que cada um gasta por época, com os vencimentos e subsídios aos jogadores, quanto gasta nas deslocações, quanto gasta na equipa técnica e enquadramento humano, quanto gasta nas arbitragens, qual é a percentagem, por época, de cada uma destas e de outras parcelas no seu orçamento. Com a reunião destes dados poderia ser feito um orçamento global da competição. Depois seria necessário saber quais são as fontes de financiamento, “sponsors” autarquias e outras fontes de financiamento. Para que a competição fosse mais credível teria de haver mais transparência nestes dados.
Aqui uma vez mais me veio à cabeça o excelente artigo do João Casa Nova, do qual passo a transcrever algumas passagens.
“Não tenho o hábito de pôr "paninhos quentes" e defender quem quer que seja.(…) A culpa é de todos. A culpa é dos dirigentes que fazem orçamentos sem dinheiro, contratam com fé que umas vitórias podem trazer mais um sponsor, e fazem-no há anos. A culpa é dos jogadores, que falam entre si e sabem, (…) que clubes devem dinheiro da última temporada, e de anteriores, e mesmo assim acreditam nos dirigentes quando os ouvem dizer que vai aparecer um novo sponsor. A culpa é dos dirigentes associativos e federativos que passam a vida a passar a esponja, branqueando dezenas de situações. A culpa é dos árbitros, que continuam a apitar com meses e meses de atrasos. (---) A culpa é dos adeptos, que desde que a sua equipa ganhe, está tudo bem."
Por aquilo que foi afirmado pelos promotores do MatchUp este evento não visava a procura de culpados, mas tinha por objetivos combinar, corresponder, coincidir, ajustar, emparelhar e equiparar as melhores ideias. As ideias do José Violante são um caminho a seguir. Será que todos querem participar?
Na verdade cada vez mais as preocupações éticas duma competição que se pretende séria vão muito para além da ética desportiva, elas começam na ética financeira, pelo que se queremos dignificar e credibilizar a competição da LPB aceitemos todos a sugestão do José Violante. Será que temos coragem?
