Sinais contraditórios
 
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Sinais contraditórios

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altÉ com grande apreensão que olhamos para o estado atual do basquetebol, nomeadamente quando olhamos para a sua competição principal, que no espaço de pouco mais de uma década , passou de uma competição profissional, gerida por um organismo autónomo a extinta LCB, para um competição não profissional, que este ano esteve em vias de não ter quórum para a sua realização.

Se no meio disto pensarmos, que dentro do período de que nos estamos a referir, o Conselho Superior de Desporto, após acesa e polémica discussão, alargou a competição gerida pela LCB de 12 para 16 clubes, facilmente percebemos que algo não correu bem no universo basquetebol nesta última década.

Outro indicador de que algo não vai bem no “reino do basquetebol” é a ausência de participação dos clubes nas competições europeias, com claros reflexos na prestação da seleção nacional de seniores. Ainda na competição sénior poderia mencionar que neste mesmo período a CNB2, o quarto e último escalão da competição sénior, passou de uma prova que chegou a ter mais de 90 clubes participantes para os atuais 40 clubes inscritos, se entretanto não houver mais desistências.

Contudo há sinais contraditórios. Como escrevi na semana passada um artigo, com referência aos ciclos olímpicos, resolvi analisar a prestação da participação das seleções mais jovens, masculinas e femininas, nestes últimos quatro anos. A tendência foi de uma gradual melhoria. Se compararmos a soma das classificações finais das seis seleções envolvidas, este ano foi de longe o mais positivo. A evolução nos últimos quatro anos foi a seguinte:

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Se pensarmos que neste ano nos femininos, sem os lamentáveis imprevistos que ocorreram com a seleção de Sub-20, e com talvez um pouco mais de concentração nos Sub-16 poderíamos alcançar um facto memorável e histórico que era metermos as 3 seleções femininas no grupo A, teremos de concluir que há sinais contraditórios no basquetebol nacional. Os resultados deste ano, nomeadamente nos femininos, eram impensáveis em 2008. Nesse ano o melhor resultado das seleções femininas foi o 9º da Divisão B (25º) nos Sub-20 femininos e a soma das classificações das três seleções foi de 78 pontos.

O que levou a esta melhoria global de resultados logo num ano em que deixou de haver uma série de centros de treino? Na minha opinião, para além dos grandes obreiros que são os clubes, do trabalho dos selecionadores nacionais e do reflexo do trabalho realizado em anos anteriores nos centros de treino houve 3 fatores, não visíveis, mas decisivos para esta melhoria, que aprofundarei no próximo artigo:

  • O crescimento do minibásquete a partir de 2000 e que aos poucos começa a exercer a sua influência nos escalões superiores;
  • O reflexo que o crescimento do minibásquete teve na pressão que levou à criação dos atuais torneios nacionais de Sub-14 masculinos e femininos para clubes;
  • A organização do atual modelo das Festas do Basquetebol Juvenil, evento mobilizador do universo do basqutebol.

Comentários 

 
0 #7 Coachfernando 14-09-2012 09:27
Também nós o podemos fazer, nomeadamente nos Sub12, criando possivelmente 2 níveis de participação porque há muitas equipas que estão preparadas para competir, enquanto que outras privilegiam a perspectiva lúdica, ou têm pouco tempo de prática que lhes permita competir com os mais fortes.

Mas a competição está "entranhada" no ADN dos jovens, pois mesmo quando se organizam na rua para jogar, os que têm essa possibilidade nos cada vez mais reduzidos espaços públicos para a prática desportiva, e sem adultos a perturbar/inquinar o espírito da coisa ninguém quer perder...
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0 #6 Coachfernando 14-09-2012 09:24
Durante a final do Camp. do Mundo Feminino de Sub20 o comentador referia, a propósito da surpreendente vitória dos USA frente a uma Alemanha que ainda não tinha sofrido 1 golo sequer na competição, que nos USA estavam a planear reactivar as competições regionais organizadas dos 10 aos 14 anos, de onde tinham saído muitas das atletas que fizeram parte das selecções americanas.

A razão seria simples: sem essas competições as atletas apareciam muito mais tarde no radar do sistema desportivo, algo impensável para os americanos que fazem do recrutamento por observação em competição a principal mola de desenvolvimento das suas modalidades.
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+1 #5 João Ribeiro 13-09-2012 21:14
No meu comentário gostaria apenas de questionar se o desejo de competir das nossas crianças de 8 a 12 anos é tão desenfreado pela luta pelas classificações! E se de facto é, não será resultado da imagem que nós, adultos, passamos de que apenas sobrevivemos se competirmos para aniquilar o adversário? Às vezes interrogo-me sobre qual o verdadeiro significado de competir. Demoraremos mais umas décadas a transformar este paradigma darwiniano de que só faz sentido competir para nos superiorizarmos aos outros noutro que conceba competirmos para evoluirmos com os outros.
Na perspetiva de evolução coletiva, parece-me que competir deve conceber fidelizar e apaixonar alguém à modalidade., essa sim a grande dificuldade neste momento do Basquetebol
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-10 #4 J Vaz 12-09-2012 22:21
Na verdade, caro San Payo, se não invertermos rapidamente o rumo que a organização desportiva dos escalões de minibasquete tem tido nos últimos anos vamos demorar mais de uma década a retomar o nível qualitativo que o basquetebol português já teve. É imperativo implementar nas associações calendários competivos minimamente organizados, com jogos todas as semanas, com atletas a lutarem por vitórias e lugares nas tabelas classificativas . A competição é fundamental para o desenvolvimento técnico e tático dos atletas. Competir é inerente à condição humana. Se não soubermos aproveitar isso para a nossa modalidade, vamos perder gerações para outras. Arriscamo-nos a perder uma larga fasquia de recrutamento para o basquetebol se não instituirmos uma base competitiva, saudável mas séria a partir dos 10/11 anos de idade. Hoje deparamo-nos com um enorme número de atletas que, aos 13 anos, não sabem o que é o jogo! É preciso que o nosso basket seja, levado mais a sério!
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-9 #3 Carlos Caetano 12-09-2012 13:50
O principal problema do nosso basquetebol, tem origem na concepção de minibasquete que insistimos em manter, com os meninos a fazer jogos florais e não competição, nunca mais temos jogadores competitivos...
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0 #2 San Payo Araújo 12-09-2012 09:01
Nota explicativa do quadro

A pontuação do quadro é baseada na soma das classificações obtidas pelas selecções Sub-20, Sub-18 e Sub-16 femininas e masculinas, pelo que quanto menor for a pontução melhor foram as classificações obtidas.



O
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0 #1 João Lopes 11-09-2012 09:33
O quadro apresentado não é contraditório à informação transmitida pelo texto?
Se o desempenho das seleções melhorou, o quadro não deveria ser o inverso?
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