O futuro é hoje
 
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O futuro é hoje

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Nuno TavaresEstamos ainda no primeiro mês do novo ano mas já dou por mim a pensar como gostaria que dezembro de 2012 fosse em termos de basquetebol.

Ano novo vida nova, diz o ditado, e para o nosso basquetebol era uma excelente notícia que houvesse vida nova, pelo menos que houvesse uma vida diferente da que tem acontecido no passado. Com isto não estou dizendo que tudo o que se passa no nosso basquetebol está mal ou errado, seria um desrespeito para o esforço de tantas pessoas que por vezes, apenas com o seu amor pelo jogo, têm criado as condições para que centenas de jovens possam ter uma prática desportiva. Mas claramente a balança pende mais para o negativo do que para o positivo no que diz respeito à modalidade que tanto gostamos.

Sem dúvida que a formação está sempre nas minhas prioridades no que diz respeito ao basquetebol, mas quando falo em formação não estou apenas falando nos escalões de formação mas também na formação de todos os intervenientes do jogo. É realmente muito importante que possamos criar condições para que a modalidade reúna à sua volta um conjunto de intervenientes que irão ter um impacto positivo na vida de um jovem, e quando falo de intervenientes não me refiro só a jogadores, treinadores e árbitros mas também a pais, diretores, fisioterapeutas, psicólogos desportivos, meios de comunicação (áudiovisuais), organizações públicas e privadas, todos fazem falta, todos devem ter o seu lugar para opinar e ouvir e todos deverão contribuir para que o futuro seja melhor.

Os órgãos que tutelam o nosso basquetebol deveriam seriamente pensar na reorganização do mesmo, de como as associações deveriam estar melhor divididas de modo a que a sua dinamização tivesse um impacto maior na qualidade da estrutura da modalidade (o artigo de San Payo Araújo Novas regiões”, entre outros, aborda com excelência o que atrás referi). Depois desta nova organização acho que se deveria pensar num projeto de modo a começar a se vislumbrar os primeiros resultados daqui a 10 anos, sendo assim, deixaria aqui alguns dos meus pensamentos:

Desporto escolar – desenvolver com as escolas do primeiro ciclo e segundo ciclo de todo o país (sublinho todo o país) a prática regular da modalidade,  através de um trabalho conjunto das associações e seu diretor técnico, dos clubes da região, não como forma de disputa de jogadores entre os clubes mas sim de desenvolver a modalidade;

Dirigentes, “seccionistas” e pais – dar mais formação a todos aqueles que queiram desempenhar funções não técnicas, de modo a que os clubes possam ter a presença de mais pessoas e não por vezes serem o resultado de uma cabeça com pouco tempo para tudo. É importante “profissionalizar” as estruturas, e entenda-se, que a palavra “profissional” nunca deverá só significar dinheiro mas acima de tudo uma maneira de estar correta e com capacidade para projetar uma melhoria sustentada a todos os níveis;

Seleções e centros de estágio – Descentralizar os centros de estágio, muitos deles alicerçados em pressupostos errados, onde aparentemente não existe nenhuma ligação entre os escalões e as pessoas responsáveis, logo, nenhum comprometimento a médio/longo prazo com o intuito de pensar na formação dos melhores jogadores para as seleções seniores. Criar centros de treino com atividade regular a cada 2 distritos (ou num raio de quilómetros a definir) de modo a que se possa filtrar melhor os atletas com maior potencial a médio/longo prazo. Não se tem que criar estruturas fixas mas sim através de uma coordenação competente e dinâmica utilizando os recursos que já existem como pavilhões, material de treino, treinadores da região, diretores técnicos, entre outros.

Árbitros – Componente importante na formação do jovem atleta, logo, deve-se perceber que o seu enquadramento não só é essencial como fundamental nos escalões de formação. Não se pode ter um jogo de iniciados sem árbitros e no pavilhão ao lado à mesma hora um jogo de CNB2 com árbitros, é importante estabelecer prioridades e começar corretamente debaixo, de modo a que anos mais tarde possamos ter jogadores mais equilibrados dentro e fora do campo. Dar aos árbitros melhores condições de evolução, tentar com que todos os clubes possam ter um árbitro de modo a que não exista falta. Formar árbitros sim, mas, não qualquer pessoa, ter em atenção a sua personalidade e não acontecer o que ouvi num curso de árbitros de iniciação onde um responsável dizia: “Vocês dentro do campo com um apito têm mais autoridade que um polícia.”

Quadros de competição – Reformular os quadros de competição de modo a que seja justo e equilibrado em todo o país e não servir sempre os interesses de algumas associações. Começar as competições na formação mais tarde e não um mês após o início do ano letivo, não dando tempo para que os treinadores trabalhem. Concentrar especialmente nos iniciados e cadetes, devido ao facto de todos os clubes possuírem os jogos destes dois escalões (masculino e feminino) na mesma tarde entre dois clubes, ou seja, a equipa A jogar com a equipa B num sábado à tarde, iniciados masculinos e femininos, cadetes masculinos e femininos, fazendo com que se poupe em recursos, transportes e canalizando mais pessoas numa tarde num pavilhão.

Durante as próximas semanas irei desenvolver alguns destes tópicos e outros, pedindo a participação dos leitores para opinarem, independentemente da sua visão, por vezes, uma má ideia pode levar ao desenvolvimento de uma boa. Sem debate, sem ousarmos a pensar fora da nossa caixa, nunca iremos evoluir e chegar onde queremos, e, deixar o lugar confortável do poder que tanto prejudica a evolução.

You know!

Este texto está redigido segundo o novo acordo ortográfico

 

 


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